A Universal Pictures aposta alto em Como Treinar o Seu Dragão para conquistar uma nova geração de fãs. A adaptação em live-action do clássico da DreamWorks chega aos cinemas com direção de Dean DeBlois, o mesmo responsável pela trilogia animada original, garantindo que a essência da história seja mantida do início ao fim.
Inspirado na série de livros best-seller escrita por Cressida Cowell, o universo da franquia nasceu em 2003 com o primeiro volume literário e logo se expandiu para 12 volumes principais, além de spin-offs e edições especiais. A trama conquistou jovens leitores por sua abordagem única sobre amadurecimento, empatia e convivência com o “diferente” — neste caso, dragões. O sucesso das obras chamou a atenção da DreamWorks, que em 2010 lançou a primeira animação da saga, seguida por duas continuações em 2014 e 2019.
A trilogia animada se transformou em um fenômeno mundial. Além de emocionar o público com sua estética inovadora e narrativa sensível, a franquia acumulou quatro indicações ao Oscar, um Globo de Ouro e mais de US$ 1,6 bilhão em bilheteria global. O impacto cultural foi tão grande que a série gerou derivados para TV, curtas especiais e uma legião fiel de fãs.
A nova versão live-action de Como Treinar o Seu Dragão busca capturar essa mesma magia, revisitando os principais momentos da história com fidelidade quase quadro a quadro. A trama é ambientada na lendária Ilha de Berk, onde vikings vivem em constante guerra com dragões. É nesse cenário que conhecemos Soluço, um jovem inteligente e sensível, filho do temido chefe Stoico, que rompe com a tradição de violência ao formar um laço inesperado com Banguela, um raro Fúria da Noite.
Essa amizade desafia séculos de rivalidade e transforma a maneira como os habitantes de Berk enxergam os dragões. Ao lado da destemida Astrid e do leal Bocão Bonarroto, Soluço embarca em uma jornada para provar que a coexistência entre humanos e dragões não só é possível, como necessária. Porém, uma antiga ameaça ressurge e coloca em risco tudo o que foi conquistado, exigindo do jovem herói coragem, sacrifício e liderança.

Diferente de outras adaptações, como Lilo & Stitch — criticada por alterar significativamente o enredo original —, Como Treinar o Seu Dragão vai na direção oposta: entrega uma reprodução quase literal da trilogia animada. O elenco foi cuidadosamente escalado para representar versões realistas dos personagens, e o roteiro resgata as mesmas reflexões sobre comunidade, perdão e o poder transformador do amor. A mensagem é clara: até os maiores rivais podem encontrar harmonia se aprenderem a confiar um no outro.
Os efeitos especiais são um dos pontos altos da produção. Os dragões ganharam uma caracterização visual deslumbrante, com texturas realistas, expressões detalhadas e movimentação fluida. Banguela, em especial, teve sua personalidade expandida. Sua teimosia charmosa e o senso de humor apurado criam momentos únicos ao lado de Soluço, proporcionando leveza e emoção à narrativa.
Minha única ressalva é que o live-action não inova — ele reconstrói, sem se arriscar. Para quem já conhece a trilogia animada, a experiência pode parecer repetitiva. A fidelidade ao material original é admirável, mas falta ousadia criativa para justificar sua existência como uma nova versão cinematográfica. Ainda assim, o apelo nostálgico e o carinho com o qual a produção foi feita devem encantar tanto os fãs quanto novos espectadores.
O elenco principal conta com Mason Thames como Soluço, Gerard Butler no papel de Stoico, Nico Parker (The Last of Us), Julian Dennison (Deadpool 2) e Ruth Codd (O Clube da Meia-Noite). A produção é liderada por Marc Platt (Wicked, La La Land).
Como Treinar o Seu Dragão estreia em 12 de junho nos cinemas brasileiros.