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Campeão de aeróbica, empreendedor, ator, super-herói e pai. O papel de Magnus Scheving, criador da série Lazy Town, parece variar com a ocasião, mas a sua missão é uma só: levar frutas e verduras ao cardápio das crianças 

 

Os cabelos loiros e o porte atlético não revelam logo de cara a identidade do islandês Magnus Scheving. A confusão é compreensível. Afinal, a sua personagem na série Lazy Town, o energético e bigodudo Sportacus, não tem a mesma aparência do ator. Arrisco até uma comparação com o lendário Superman: Magnus é um herói disfarçado mas que, ao invés de lutar contra bandidos e vilões, busca instruir as crianças a terem hábitos de vida mais saudáveis.

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Vencedor de dois campeonatos europeus de aeróbica consecutivos (em 1994 e 1995) e ganhador de seis mais outros títulos de competições em seu país natal, Magnus logo se tornou um porta-voz da saúde e uma celebridade mundial. Em 1995, o atleta lançou um livro despretensioso chamado Go, Go, Lazy Town! (em português, algo como Vá, Vá Cidade da Preguiça!), o qual buscava encorajar as crianças a fazerem exercícios. A história que apresentava ao público infantil a luta de um herói contra os doces e o sedentarismo logo conquistou as primeiras posições no ranking dos livros mais vendidos na Islândia.

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A empreitada deu tão certo que ele acabou escrevendo, nos anos seguintes, mais quatros livros da série e até duas adaptações das aventuras da cidade da preguiça para o teatro. Com a fama, vieram os CDs de música, jogos de tabuleiro e finalmente o programa televisivo Lazy Town  (inicialmente concebido como um filme) em 2002. Magnus, no entanto, demorou para encontrar uma fórmula ideal para o seriado infantil que mescla educação e entretenimento. “Vinte dois anos atrás eu estava na minha casa pensando de que forma eu poderia falar sobre saúde já que esse é um assunto muito difícil de ser compreendido. Como, por exemplo, explicar para um criança de 4 anos que se ela comer uma maçã ela será saudável com 26 anos? Elas não entendem isso. E como colocar esta ideia na televisão se você não consegue conceituar saúde, mostrá-la ou vendê-la?”, contou ao Pop Séries!.

Todo o esforço parece ter valido a pena. Lazy Town é uma das séries mais caras já produzidas: cada episódio custa em média 1 milhão de dólares aos bolsos dos investidores, que são escolhidos a dedo pelo atleta. “Eu digo mais não do que sim aos patrocínios. As marcas devem estar comprometidas com a missão da série. É a minha responsabilidade com as crianças, não posso aceitar a colaboração das empresas de fast food”, explica.

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lazytown

Magnus Scheving

Se conta é alta o resultado não poderia ser melhor. O programa é um dos únicos do gênero a contar com trabalho de grandes nomes da indústria cinematográfica. O novo estúdio, por exemplo, foi projetado em pouco mais de um mês pela equipe responsável pelo design dos filmes de James Bond. Os efeitos tecnológicos – o seriado é filmado em HD, em animação CGI (imagem gerada por computador) e conta com mais de 400 efeitos sonoros diferentes – chamaram a atenção, inclusive, do diretor Quentin Tarantino, que assistiu a uma das gravações.

Além do cenário colorido, Lazy Town possui um time de personagens cativantes aos jovens.  O pequeno Julio – um simpático boneco que mais parece ter saído do seriado Vila Sésamo – entra em várias confusões ao cair nas artimanhas do vilão Robbie, que tenta de todas as formas adoçar a alimentação das crianças. Como de costume, Sportacus entra em cena para ensinar os moradores da cidade a comer de forma mais saudável e a ficarem em forma com brincadeiras criativas, entre elas, acrobacias e jogos de bola. Mas qual é o motivo para personagem ser tão famosa entre o público infantil? “As crianças não querem ser os seus ídolos, elas não querem ser o Mickey Mouse. Elas querem se espelhar nas personagens. Sportacus é o primeiro que pode ser copiado ”, explica. O herói conta também com a ajuda de Stephanie que, com os seus passos de dança, suas roupas e peruca cor de rosa, é quem garante a audiência feminina. A política de não violência colaborou também para conquistar a confiança dos pais e dar à série prestígio internacional.

Lazy Town foi construída a partir de lembranças da infância de Magnus. A cidade em que cresceu, Reykjavík, de apenas 1.500 habitantes, possui o mesmo clima intimista presente em sua criação. “Eu vim de uma cidade pequena onde as pessoas conversam pela janela. Foi daí que surgiu a minha inspiração para série”, conta. O dom de escutar, compreender e ensinar crianças talvez seja uma herança dos pais do atleta, os quais trabalharam em escolas educando jovens (o pai é diretor e a mãe professora do jardim de infância).

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Não há como negar a importância do nome de Magnus na luta contra a obesidade. De seu pequeno país natal, uma pequena ilha localizada entre a Noruega e Groelândia, ele conquistou o mundo em turnês promovendo o bem estar do Japão a América Latina. As suas acrobacias lhe garantiram a sua estreia em Hollywood, em um papel de vilão ao lado de Jackie Chan na comédia Missão Quase Impossível. O seu personagem, Sportacus, é hoje um modelo de herói paras as crianças em mais de 120 idiomas diferentes, inclusive para o filho caçula que volta e meia coloca o pai na linha. “Um dia saí para almoçar com Kristofer e decidi pedir um sorvete de sobremesa. Ele me perguntou se eu achava certo comer um doce. Eu respondi, por que não? Ele me retrucou: ‘Equilíbrio, se lembra. Você vai usar a sua fantasia amanhã’”. Magnus riu e disse que não pode reclamar do puxão de orelha do filho – nada mais correto para um super-herói.

• Por Julia Benvenuto

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