Stranger Things não é apenas uma série de sucesso da Netflix; é uma máquina do tempo cultural, uma carta de amor nostálgica e extremamente detalhada aos anos 80. A série, criada pelos irmãos Duffer, transcendeu o rótulo de ficção científica adolescente para se tornar um fenômeno global, graças, em grande parte, à sua habilidade em mesclar drama, terror e comédia com uma infinidade de referências a clássicos do cinema, da literatura e da cultura pop da época.
Os criadores rechearam Hawkins, Indiana, com piscadelas escondidas, homenagens sutis e referências diretas que só os fãs mais atentos – ou aqueles que passaram a infância devorando a obra de Steven Spielberg e Stephen King – conseguiram identificar.
O Pop Séries mergulhou no Mundo Invertido e vasculhou os bastidores da produção para trazer cinco easter eggs imperdíveis que não apenas celebram a cultura oitentista, mas também moldam a própria narrativa da série. Prepare-se para ver Stranger Things com novos olhos!
1. Referência aos livros Stephen King
A influência de Stephen King em Stranger Things é inegável, e o autor é, notoriamente, uma das maiores inspirações para a atmosfera de terror, mistério e amizade infantil da série. King é mestre em narrar o drama de crianças em cidades pequenas que enfrentam o mal de forma sobrenatural, um tema central em Stranger Things.
No entanto, a homenagem mais clara e visualmente impactante está ligada ao cinema. A cena icônica em que Mike, Dustin, Lucas e Eleven caminham pela linha férrea na 1ª temporada não é original, mas sim uma alusão de peso ao filme de 1986, Conta Comigo (Stand By Me). Este filme, baseado no conto The Body de King, mostra quatro amigos pré-adolescentes embarcando em uma jornada para encontrar um corpo.
Ao recriar essa sequência, os irmãos Brothers não apenas prestam uma homenagem, mas também estabelecem o subgênero coming-of-age (amadurecimento) como a espinha dorsal emocional da narrativa, onde a lealdade e a união entre os amigos são as únicas armas contra o desconhecido.
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2. Conexão secreta de Hopper com Tubarão
O xerife Jim Hopper (David Harbour) tem muito mais em comum com o universo dos filmes de desastres de verão do que parece, mais especificamente com o clássico Tubarão, de Steven Spielberg.
A conexão é tripla e intencional. Há um cartaz proeminente de Tubarão no quarto de Will Byers, lembrando ao público a fonte de inspiração para o gênero “monstro oculto”. Além disso, a backstory de Hopper, um ex-policial de cidade grande traumatizado que busca refúgio como chefe de polícia em uma cidade pequena e pacata, é idêntica à do Chefe Brody no filme de 1975.
Sem falar que o nome “Hopper” também se assemelha propositalmente ao do personagem Matt Hooper (o oceanógrafo interpretado por Richard Dreyfuss).
3. Eleven e o E.T. na cesta da bicicleta

Se Stephen King é a inspiração literária, Steven Spielberg é o pai cinematográfico de Stranger Things. A cena em que as crianças andam de bicicleta à noite em fuga com uma Eleven escondida na cesta é a homenagem mais óbvia (e mais celebrada) à filmografia de Spielberg.
A sequência evoca diretamente a cena final de E.T. – O Extraterrestre, onde o alienígena é escondido e transportado por Elliott e seus amigos. O motivo da criança de subúrbio que faz amizade com uma criatura ou ser fantástico, protegendo-o de adultos e agentes do governo, é o coração do gênero “filme de aventura dos anos 80”. Ao utilizar essa imagem, os irmãos Brothers definiram o tom emocional da primeira temporada, em que a amizade pura é a única força capaz de salvar a “criatura” e a cidade.
4. Bob Newby, o herói que não devia ter durado
O fofo e heroico Bob Newby (Sean Astin), que namorou Joyce Byers (Winona Ryder) e teve uma morte dolorosa pelas garras do Demogorgon na 2ª temporada, tinha uma participação originalmente muito mais curta.
Os irmãos Brothers confessaram que o personagem estava planejado para ser morto rapidamente, mas eles ficaram tão impressionados com o carisma e a performance de Sean Astin que prolongaram sua participação. A escalação de Astin já era um easter egg em si, pois ele é uma lenda dos anos 80, conhecido por interpretar Mikey em Os Goonies. Ao dar mais tempo de tela a Bob, ele transcendeu o papel de namorado nerd para se tornar um herói trágico, cujo sacrifício foi fundamental para salvar a turma e provou que, em Hawkins, até o mais pacato pode ser o mais valente.
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5. O cabelo raspado de Eleven não foi CGI
O visual marcante de Eleven (Millie Bobby Brown), com a cabeça raspada, é um símbolo imediato de sua origem misteriosa e sua força. A atriz Millie Bobby Brown realmente raspou o cabelo para o papel na primeira temporada, demonstrando um compromisso impressionante com a personagem.
Para convencer a jovem atriz, que na época tinha apenas 12 anos, os diretores tiveram que mostrar referências de mulheres fortes com o cabelo raspado, sendo a principal delas o visual badass de Imperatriz Furiosa (Charlize Theron) no filme Mad Max: Estrada da Fúria. O visual minimalista não só definiu a personagem como uma guerreira misteriosa, mas também serviu de catalisador visual para a narrativa, imediatamente comunicando ao público que Eleven não era uma garota comum.
Esses easter eggs são mais do que meras referências; são os tijolos que construíram o universo de Stranger Things. Eles solidificam o DNA cultural da série, recompensam os espectadores dedicados e, o mais importante, injetam profundidade e familiaridade em uma história que lida com o inacreditável. Stranger Things prova que, no mundo das séries pop, os detalhes escondidos são, muitas vezes, o que realmente faz a magia acontecer.
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