O Telefone Preto é uma daquelas histórias de terror que têm todos os elementos necessários para o sucesso: um assassino implacável, a presença do sobrenatural e uma narrativa inteligente, que desafia o espectador a encontrar conexões entre os personagens.
A sequência é ambientada quatro anos após a fuga de Finn (Mason Thames) e a morte do Sequestrador. O grande acerto do filme aqui é focar nas cicatrizes emocionais do protagonista e na evolução dos poderes de Gwen (Madeleine McGraw). E a dinâmica entre os irmãos é o motor dramático da trama.
Gwen, em particular, assume o protagonismo na esfera sobrenatural. Suas ligações recebidas em sonhos não são apenas flashbacks, mas a chave para um mistério ainda maior em um gélido acampamento de inverno cristão. É aí que a genialidade do roteiro se manifesta: o Sequestrador, interpretado pelo icônico Ethan Hawke, retorna como uma presença sombria e implacável. O serial killer que antes era um monstro de carne e osso se transforma em uma ameaça onipresente e póstuma, que não precisa de um porão físico para caçar suas vítimas. E o pior: sem as suas emoções humanas, agora ele quer vingança!
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O Telefone Preto 2 acerta ao fazer com que o mal, mesmo após a morte do vilão, mostre-se mais poderoso e assustador do que nunca, forçando Finn e Gwen a confrontarem o trauma de uma forma que transcende a lógica e mergulha de vez no horror sobrenatural – e também o passado da família, principalmente com a morte trágica da mãe dos personagens.
Os confrontos são mais intensos, o encontro com fantasmas mais aterrorizantes e as ações do vilão ainda mais perigosas, ao passo que somente Gwen pode vê-lo. Como se proteger de um assassino que pode entrar em seus sonhos, manipular a realidade ou então machucar seriamente aqueles que estão no mundo acordado?

O Telefone Preto é baseado em um best-seller
Talvez, o que muitos não saibam, é que a genialidade do roteiro de Telefone Preto reside no talento hereditário de seu criador. O filme é baseado no conto de Joe Hill (filho de Stephen King), mas o diretor Scott Derrickson (conhecido pela A Entidade e O Exorcismo de Emily Rose) injetou elementos muito pessoais nele. Ele cresceu em Denver na década de 1970, a mesma época e local em que o filme é ambientado. O diretor usou suas memórias de infância, marcadas pela violência, bullying e pelo medo da época, para criar a atmosfera opressiva do subúrbio. Segundo ele, o filme é essencialmente sobre “traumas de infância”.
A sequência está sendo tão bem avaliada, com mais de 80% de aprovação no Rotten Tomatoes, que até o próprio mestre do terror chegou a dizer que o segundo longa-metragem é ainda melhor que o primeiro.
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Originalmente, as crianças-fantasmas seriam criadas ou aprimoradas por computação gráfica. No entanto, Derrickson decidiu filmá-las usando apenas efeitos de maquiagem práticos. Essa escolha ajudou a manter a textura nostálgica e realista do filme.
Além disso, o visual icônico do vilão, interpretado por Ethan Hawke, foi meticulosamente planejado. As máscaras foram criadas pelo lendário Tom Savini, um mestre dos efeitos especiais conhecido por clássicos como Sexta-Feira 13 e Dia dos Mortos. A ideia de Derrickson era que as máscaras transmitissem três expressões exageradas do vilão: alegria, desespero e o vazio.
O filme também reforça seu time com a adição do indicado ao Oscar Demián Bichir, que interpreta um dos líderes do acampamento e que tem como missão encontrar as três crianças que foram brutalmente mortas no local.
No mais, O Telefone Preto 2 (estreia em 16 de outubro) não é só uma continuação digna, mas um thriller de horror essencial que usa a viagem ao sobrenatural para criar um terror mais profundo, psicológico e, inegavelmente, original.
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