Alguns elementos parecem ser imutáveis em Downton Abbey, mesmo que o nascimento da era moderna tente provar o contrário. Com a chegada do século 20, e o fim da segunda grande guerra, as mulheres da série estão, cada vez mais, conquistando o posto de feministas.
Afinal, como não ficar entusiasmada com transformação pessoal de Lady Mary (Michelle Dockery): com a perda do marido, a personagem ganhou dois pretendentes, passou a noite com um, beijou o outro e depois decidiu ficar sozinha. A matriarca da família, a Condessa Grantham, também teve os seus segredos revelados ao longo da temporada, o que se mostrou um dos trunfos do enredo deste ano, agora mais focado em preconceitos. A existência de seu antigo amor, um monarca russo sem pátria e foragido na Inglaterra após a revolução, reforça a premissa de que todos nós temos “falhas” em nosso passado e caráter.
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Outro ponto alto dos episódios esteve no desenvolvimento do romance entre Carson e Mrs. Hughes. Para quem apostava no futuro do casal, que não havia ganhado até então destaque na trama, teve o seu desejo atendido pelo criador da série Julian Fellowes. O especial de Natal do quinto ano terminou com o governante da mansão pedindo a mão em casamento da amiga e companheira. Rose também teve o seu destino romântico definido com a sua união com um jovem promissor de família judia, o que permitiu ao roteiro a inserção de temas como a intolerância religiosa na época.
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No entanto, o progresso – e nem a felicidade – não parece ser algo possível na vida de alguns dos personagens. É engraçado notar como Bates e Anna são, por diversas vezes, alvo de escândalos e perseguições da polícia. Lady Edith é outro exemplo: após perder o marido assassinado, e dar a luz à filha escondida, a segunda filha dos Crawley não escapa da tristeza e da solidão, enquanto, é claro, a irmã rouba qualquer oportunidade de destaque dentro da família.
Mesmo com uma fórmula ainda fixa, Downton Abbey ainda é a queridinha da crítica internacional. Joanne Froggatt recebeu o Globo de Ouro em 2015, principalmente pela sua comovente atuação como uma vítima de estupro. Ainda que o progresso caminhe por passos lentos, o seriado consegue tocar com maestria e competência em assuntos ainda polêmicos para a TV do século 21.
Sem a presença de Tom Branson, que viaja para o novo continente, e da cadela Isis, que com a sua morte provou que os ingleses expressam os sentimentos mais para os animais do que para si próprios, é desafiador pensar como Julian introduzirá novos personagens à dinâmica da história. Desafiador, mas, ao mesmo tempo, excitante.
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