‘Jurassic World: Recomeço’ acerta em elenco, mas erra em fórmula ultrapassada

Quando Jurassic Park estreou em 1993, sob o comando de Steven Spielberg , tinha todos os ingredientes de uma franquia de sucesso. A possibilidade de trazer os dinossauros de volta à vida era algo mágico e original aos olhos do público. Os personagens também tinham o seu carisma e o diretor soube imprimir o que sabe de melhor: mostrar o medo, a coragem, pela perspectiva de uma criança. Afinal, o que pode ser mais assustador?

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De lá para cá, a Universal Studios investiu em continuações e sequências para a franquia — que, até então, mantinham uma conexão com o filme original. Vimos as consequências de recriar dinossauros por meio de engenharia genética em tramas que misturam ficção científica, aventura e críticas à exploração comercial da ciência.

No primeiro filme, Jurassic Park (1993), o bilionário John Hammond convida especialistas para avaliar seu parque temático habitado por dinossauros clonados. O que era para ser uma atração revolucionária se transforma em pesadelo quando os sistemas de segurança falham e os dinossauros escapam.

Em O Mundo Perdido: Jurassic Park (1997), uma equipe é enviada à Ilha Sorna, onde os dinossauros vivem soltos, com o objetivo de documentar sua vida natural, mas interesses comerciais colocam tudo em risco. Jurassic Park III (2001) mostra um casal enganando o paleontólogo Alan Grant para voltar à Ilha Sorna em busca do filho desaparecido, enfrentando novos perigos — incluindo o temido Espinossauro.

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Franquia Jurassic World

Jurassic World Recomeço filme
Com história fraca, Jurassic World: Recomeço conquista pelo carisma do elenco

Mais de duas décadas depois, Jurassic World (2015) apresentou um novo parque funcional na Ilha Nublar, administrado pela Masrani Global. Quando um híbrido geneticamente modificado, o Indominus Rex, escapa do controle, o caos retorna. Em Jurassic World: Reino Ameaçado (2018), a ilha é ameaçada por uma erupção vulcânica, forçando uma missão de resgate dos dinossauros — que acaba sendo manipulada por interesses corporativos que visam leiloar os animais.

Jurassic World: Domínio (2022) deveria encerrar a saga, mostrando dinossauros convivendo com humanos ao redor do mundo e levantando questões sobre convivência, equilíbrio ecológico e as consequências éticas da clonagem. Foi neste longa-metragem que revisitamos as vidas de Ellie (Laura Dern), Ian (Jeff Goldblum) e Alan (Sam Neill) anos depois da visita dos cientistas ao primeiro parque criado por John Hammond. Nele, também descobrimos que os dinossauros agora vivem soltos nas grandes cidades, lado a lado em convívio com a humanidade.

Uma pena, que a magia parou por aqui. Jurassic World: Recomeço é exatamente o que propõe em seu título, uma nova história, sem qualquer ligação ao passado. Sim, você verá referências à saga durante a exibição (como a faixa de boas-vindas do primeiro filme), mas nada além da superficialidade.

A nova trama é ambientada cinco anos após os eventos de Domínio, quando o mundo se tornou amplamente inóspito para dinossauros sobreviventes, que agora habitam ilhas tropicais remotas semelhantes aos seus habitats originais.

A história acompanha Zora Bennett (Scarlett Johansson), uma agente de operações secretas contratada para liderar uma missão na Ilha Saint-Hubert. Junto ao paleontólogo Dr. Henry Loomis (Jonathan Bailey) e ao líder de equipe Duncan Kincaid (Mahershala Ali), ela busca coletar amostras de DNA das três maiores criaturas pré-históricas que habitam terra, mar e ar, cujo material genético pode conter a fórmula de um medicamento capaz de salvar milhões de vidas.

No entanto, ao chegarem à ilha, a equipe se depara com criaturas mutantes resultantes de experimentos falhos do laboratório original da InGen, incluindo o aterrorizante Distortus Rex, um T. Rex de seis membros, e outros híbridos surpreendentes. Para agravar a situação, eles precisam resgatar uma família de civis cujo barco foi atacado por dinossauros aquáticos, complicando ainda mais a missão.

Os elementos que fizeram Jurassic Park em um sucesso, de certa foram, estão ali. O olhar infantil frente ao medo, a crítica à ganância, a ciência usada para os fins errados e a insignificância do ser-humano frente ao poder de extinção da Terra. Só que, infelizmente, os ingredientes apostam demais na nostalgia e pecam pela falta de originalidade.

Se não fosse pelo talento do elenco, inclusive de nomes coadjuvantes como de Manuel Garcia-Rulfo, a sensação ao sair do cinema é que o longa não acrescentou em nada na franquia. É uma história totalmente independente, que apela para a mesma jornada do herói e para a nostalgia do público. Uma trama esquecível, se não fosse pelo carisma de Scarlett e Jonathan que estão muito bem em seus papéis.

Para você que gosta de efeitos especiais e quer reviver a magia de uma mundo repleto de dinossauros, a ida ao cinema ainda está valendo. Há momentos de ação, perseguição e tensão. No entanto, na minha opinião, Jurassic World: Recomeço é um dos filmes mais fracos da franquia.

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