The Following tem uma das sinopses mais criativas da televisão americana na atualidade. Partindo da premissa de um estudo do FBI, que afirma que nos EUA há quase 300 serial killers soltos e espalhados pelo país, Kevin Williamson decidiu criar uma série com um psicopata maligno que é capaz de reunir, assim como nas redes sociais, seguidores que possuem os mesmos objetivos sórdidos. A primeira temporada da atração foi aclamada pela crítica e obteve índices de audiência surpreendentes, com mais de 10 milhões de espectadores.
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Em 2014, o segundo ano estreou com grandes expectativas. O mistério que envolvia o retorno de Joe Carroll (James Purefoy) foi o grande trunfo. Infelizmente, a continuação foi desastrosa. Uma sequência de acontecimentos irreais deu um tom pastelão ao seriado, que merecia um novo roteiro ágil e eletrizante. Para começar, o psicopata precisou apenas levantar uma tábua de madeira para escapar da explosão causada em uma briga com Ryan Hardy (Kevin Bacon).
Obviamente, Williamson decidiu diminuir o ritmo da atração e destinou os cinco primeiros episódios para uma reestruturação da trama e a apresentação de novos – e alguns desnecessários – personagens. Além disso, a repetição de situações causou um certo cansaço no espectador. Ryan sempre acabava sozinho, em um local escuro, e procurando por um inimigo que sempre escapava. E o FBI, mais uma vez, foi retratado como uma organização mal estruturada que não conseguiu prender nenhum dos seguidores de Carroll.
O renascimento de Kevin Bacon em The Following
A interação entre vilão e herói, muito presente no primeiro ano da atração foi substituída por histórias paralelas criadas para tornar a trama mais ágil. A nova narrativa deixou a desejar, uma vez que o grande poder da série é a relação ambígua, de ódio e admiração, entre Ryan e Joe. Neste ano, o contato entre os personagem foi pouco explorado. Faltaram as famosas e irônicas conversas por telefone. As melhores cenas aconteceram em apenas dois episódios com diálogos presenciais entre os dois protagonistas.
Há também um fator interessante na dinâmica do programa que aproxima a ficção da realidade. Assim como Ryan e Joe possuem uma estranha obsessão mútua, Bacon tornou-se extremamente dependente de Purefoy para conseguir sucesso no seriado. Se há alguma dúvida, basta assistir ao primeiro episódio desta temporada. Sem a aparição do criminoso, a trama sempre fica morna e apática.
Para os fãs de Joe Carroll, a temporada trouxe uma boa constatação. Não há mais dúvidas sobre a sobrevivência do psicopata na série. O sedutor e charmoso assassino foi responsável pelas melhores cenas e a atuação de Purefoy deve ser, mais uma vez, elogiada. Os olhares malignos e as falas irônicas e bem colocadas mostraram que The Following não existe sem o personagem. É uma pena que a literatura de Edgar Allan Poe foi substituída por uma perseguição religiosa. Claro que o principal objetivo do psicopata era deixar um legado e ser enaltecido na história do crime. Entretanto, há meios mais criativos do que comprar uma briga com um pastor de igreja na televisão.
The Following: assista aos promos do season finale
Sobre as boas surpresas da temporada, a evolução de Mike Weston (Shawn Ashmore) foi excelente. A brutal morte de seu pai fez com que ele também assumisse uma ambiguidade. A transformação do bom agente do FBI em um rapaz vingativo contribuiu para cenas reveladoras, como a morte de Lily Gray. Além disso, o público percebeu que Ryan é capaz de conquistar seguidores fiéis e determinados. A morte de Emma deve ser comemorada, uma vez que sua falta de carisma nunca contribuiu para a evolução da história.
Para a terceira temporada, resta esperar que Williamson consiga retomar a estrutura da série para sua narrativa inicial. Com a prisão de Carroll, talvez haja bons episódios em que o psicopata controle seus seguidores de dentro da cadeia. Afinal de contas, não há nada mais divertido em The Following do que ver a frustração e a determinação do super-herói Ryan Hardy.