A estratégia da HBO em investir em dramas complexos e realistas tem gerado bons resultados para o canal, que coloca a homossexualidade como tema recorrente na programação. O mais bem sucedido exemplo é o seriado Looking, lançado em janeiro deste ano.
Quanto aos telefilmes, a situação não é diferente. Em 2013, Behind the Candelabra, protagonizado por Michael Douglas e Matt Damon, foi aclamado pela crítica e recebeu inúmeros prêmios, incluindo estatuetas do Emmy Awards e do Globo de Ouro. Este ano, a emissora decidiu apostar em mais um drama da comunidade gay: The Normal Heart. O longa é inspirado em uma peça de teatro homônima escrita por Larry Krame.
Confira a crítica da primeira temporada de Looking
Com direção de Ryan Murphy, a trama acompanha um grupo de homossexuais americanos que decidem lutar pelos seus direitos após a descoberta de uma doença que está matando rapidamente todos os seus companheiros. O escritor Ned Weeks (Mark Ruffalo) e a médica Emma Brookner (Julia Roberts) lutam para salvar vidas e descobrir a cura para o chamado “câncer gay”. Para isso, procuram desesperadamente a ajuda do governo de Nova York, que em um ato desumano, reluta em destinar dinheiro para a causa.
Com uma produção similar aos longas-metragens exibidos no cinema, o filme apresenta um roteiro brilhante. A chamada crise da AIDS, na década de 1980, faz parte da história da revolução da sexualidade e foi muito bem retratada em produções como Filadélfia (1993), Clube de Compras Dallas (2013) e no documentário Estávamos aqui: testemunhas da AIDS (2011).
Assista ao trailer de The Normal Heart
A excelente escolha do elenco contribuiu para o bom desempenho da atração. Julia Roberts interpreta uma médica determinada, que não mede esforços para ajudar seus pacientes terminais. E a história de amor entre Ned e Felix (Matt Bomer) agregou realismo em cenas dramáticas de cumplicidade e companheirismo.
The Normal Heart também retrata a conquista dos homossexuais para demonstrar publicamente suas preferências comportamentais e sexuais. O que era visto como promiscuidade pela sociedade tradicional era um sinônimo de liberdade para aqueles que foram repreendidos por pensamentos conservadores, culpa religiosa ou preconceito familiar. Com o surgimento da AIDS, as instituições governamentais e os políticos inicialmente negaram auxílio com receio de comprar uma causa que pudesse abalar reputações.
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O resultado foi uma epidemia mundial em que mais de 36 milhões de pessoas morreram por conta do vírus HIV. Somente a partir de 1986, após seis anos de luta, o presidente americano Ronald Reagan instituiu na criação de um programa de ajuda para combater a doença.
Talvez, para o mundo contemporâneo, em que há prevenção e medicina avançada (embora não haja uma cura comprovada), esse panorama possa ser visto como algo distante. Entretanto, é uma realidade que merece ser relembrada, para assinalar como o ser humano caminha em passos ambíguos entre o amor e o descaso.