I Love Lucy marcou a história televisiva
De extrema importância cultural, a série I Love Lucy foi ao ar pela primeira vez no dia 15 de outubro de 1951, pela CBS. Com episódios de aproximadamente 24 minutos de duração cada, o seriado teve seis temporadas e chegou ao fim em maio de 1957.
O sucesso do sitcom foi tão grande que mesmo após o final oficial, outras três temporadas foram produzidas em um formato diferente. Entre os anos 1957 a 1960, o público pode acompanhar episódios especiais de uma hora de duração cada.
Arrebatando uma multidão de corações e criando um legado televisivo sem precedentes, durante a sua época de exibição I Love Lucy se tornou o programa televisivo mais assistido da América.
A história de I Love Lucy
A sitcom inicialmente foi baseada em um programa de rádio chamado My Favorite Husband, que era estrelado por Lucille Ball e Richard Dennig. Quando a produção mudou de formato para o televisivo, Lucille Ball fez um pedido inusitado aos executivos.
A atriz queria que seu marido, o ator cubano Desi Arnaz, fosse o seu par no seriado. Nesse período, os produtores ficaram preocupados em relação a reação que o público teria ao ver um casal inter-racial, além do fato de que Desi tinha um forte sotaque.
Lucille Ball e Desi Arnaz decidiram então fazer uma peça como amostra do talento deles e a obra foi muito bem recebida, o que mudou a decisão dos executivos do canal. Como o título original da série seria Lucy & Ricky, o casal teve que negociar para que o nome do programa fosse alterado, chegando ao acordo de I Love Lucy.
A importância da série
Com 180 episódios, além dos especiais, I Love Lucy foi percursora em seu formato e abriu portas para que outras séries seguissem sua fórmula de sucesso. Aqui no Brasil a exibição começou na antiga Rede Tupi, e assim como nos Estados Unidos, alcançou picos memoráveis de audiência.
Considerada pioneira em muitos aspectos, a série recebeu 22 indicações ao Emmy, um dos prêmios mais importantes do audiovisual. Seu legado perdura através das décadas e um exemplo disso aconteceu em 2002, quando foi eleita pela TV Guide como o segundo melhor programa de todos os tempos da televisão norte-americana.
Outras inúmeras formas de reconhecimento seguiram acontecendo ano após ano, como em 2007, que I Love Lucy foi eleita como um dos 100 melhores programas da história da televisão pela revista Time.
Falando em números, em 1953 foi ao ar um episódio intitulado Lucy Vai ao Hospital e sua recepção foi inédita. Nesse dia, o programa chegou a marcar 71,7 pontos de audiência, ou seja, mais de 70% dos aparelhos de televisão do país estavam ligados para acompanhar a história.
Sinopse e gravações
Os episódios de I Love Lucy eram filmados ao vivo, e embora a própria produção não investisse muito nas gravações por não acreditar no sucesso que o par de atores principais faria com o público, os capítulos rapidamente começaram a exercer grande apelo.
A sinopse acompanha Ricky, um cubano que é líder de uma banda no Clube Tropicana e casado com Lucy, uma mulher que vai contra os estereótipos que se esperavam para uma esposa de sua época.
Graciosa, inteligente e independente, Lucy tem vontade de entrar para o entretenimento do Tropicana, onde seu marido também trabalha, e não mede esforços para tentar alcançar isso. Em sua vida doméstica, a personagem também tem um relacionamento amigável e divertido com seus vizinhos.
Além de Lucille Ball e Desi Arnaz nos papéis principais, o elenco contava também com os atores Vivian Vance, William Frawley, Kathryn Card, Mary Jane Croft, Jerry Hausner, Bob Jellison, Keith Thibodeaux, Joseph A., Frank Nelson, Elizabeth Patterson e Doris Singleton.
Dentre todos os atores do núcleo central, Lucille foi a penúltima a falecer, em 26 de abril de 1989, deixando um legado inigualável para a televisão e para as artes cênicas.
Curiosidades
– A primeira vez que o público brasileiro teve contato com I Love Lucy foi em 1958, na Rede Tupi. A emissora exibiu o programa até 1979. A partir de 1980, a TV Gazeta ficou responsável pela reprodução, sendo substituída em seguida pela Rede Bandeirantes.
– Dentre diversas exibições que teve em terras brasileiras, uma importante aconteceu em 1993, quando a TV Cultura comprou os episódios de I Love Lucy com as dublagens originais de sua primeira versão nacional. Essa versão ficou no ar até 2000.
– Outras emissoras como SBT, Multishow e Globosat também transmitiram diversos episódios do programa ao longo dos anos e em 2011 a Paramount decidiu lançar uma coletânea oficial em DVD com alguns capítulos.
– Pioneira em seu gênero, I Love Lucy foi importante em diversos sentidos, incluindo na criação do termo sitcom como conhecemos hoje em dia, ou seja, as famosas “comédias de situação”.
– Seguindo o formato que se popularizou no decorrer das décadas, I Love Lucy também merece o mérito de primeira série a criar o conceito de convidado especial durante seus episódios. Vários atores de cinema se interessaram em participar da série e alguns nomes que passaram por lá foram Rock Hudson (Confidências à Meia-Noite), Cornel Wilde (Amor Foi Minha Ruína), Van Johnson (A Última Vez Que Vi Paris) e Richard Widmark (Minha Vontade É Lei).
– O sucesso de I Love Lucy entre os brasileiros foi tão grande que a TV Tupi inspirou-se na série para criar uma versão brasileira, que foi chamada de Alô, Doçura! e é considerada a primeira sitcom brasileira.
– Assim como sua personagem, Lucille foi uma mulher bastante revolucionária. Ela foi a primeira atriz a continuar as filmagens de um programa mesmo estando grávida. Ela conversou com os produtores e os convenceu a fazer com que sua personagem também engravidasse.
– A série era gravada nos estúdios Desilu Productions, cujo nome representa a junção dos nomes de Ball e Arnaz, que eram donos da produtora. Diversos seriados importantes também foram gravados lá, a exemplo da clássica Jornada nas Estrelas.
– Embora a química dos atores fosse bastante agradável nas telas, após o fim da última temporada de I Love Lucy, Lucille e Ball e Desi Arnaz se divorciaram na vida real.