Um dos grandes trunfos de Westworld sempre foi a sua narrativa labiríntica, que por meio de flashbacks e recortes da realidade criava um desafio sedutor para o telespectador.
Dito isso, é uma pena que a terceira temporada da série tenha adotado um roteiro mais simplista, justamente no momento em que Dolores e outros integrantes do parque desbravavam o nosso mundo – ou pelo menos, uma versão futurista dele.
Os novos episódios começam com Dolores (Evan Rachel Wood) livre do parque gerido pela Delos e colocando o seu plano de “destruir” a humanidade em ação. Logo, descobrimos que personagem conseguiu dividir a sua inteligência artificial e memórias em quadro esferas diferentes. Com isso, ela conseguiu ampliar a sua ação e colocar-se em pontos importantes para o triunfo do plano: como uma cópia de Charlotte Hale (Tessa Thompson), morta na segunda temporada.
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Por volta do segundo capítulo, o espectador acaba descobrindo que poucos nomes do parque estariam presentes neste novo ambiente, o que foi extremamente decepcionante. Aaron Paul até é uma adição interessante ao elenco, embora o seu papel do ex-soldado Caleb Nichols seja muito menos interessante do o de Rodrigo Santoro, que teve a sua participação subaproveitada durante a temporada. O mesmo pode se dizer de Jeffrey Wright, que interpreta Bernard Lowe, e apareceu em poucas cenas tentando decifrar os planos de Dolores.
O destaque ficou mesmo para Evan e Thandie Newton, Maeve Millay, que teve um dos arcos mais interessantes durante os capítulos. Mais especificamente, o segundo episódio, intitulado The Winter Line, trouxe de volta a narrativa típica de Westworld que os fãs do seriado tanto queriam ver. Presa em uma ficção, Maeve acaba despertando da ilusão que lhe foi imposta e tomando as rédeas de seu destino mais uma vez.
É uma pena que os criadores, Lisa Joy e Jonathan Nolan, sentiram a necessidade de simplificar a narrativa para o público. Westworld nunca foi um show para as massas, era algo único e desafiador, que a HBO defendia tanto em sua programação.
No final, Dolores acaba dando a sua vida (pelo menos em sua versão original) para derrotar a inteligência artificial que comanda a humidade, causando o caos com a possibilidade de livre arbítrio, mas dando uma alternativa para nós construirmos uma sociedade melhor. Para isso, ela teve que derrotar o esquecível vilão Engerraund Serac (Vincent Cassel, que já teve papéis muito mais memoráveis).
Quanto ao mundo seguro para sua espécie, apenas Bernard conseguiu visualizá-lo ao final da temporada e será um dos temas da quarta temporada. E o Homem de Preto (Ed Harris)? Bom, ele sobreviveu mais uma vez … se é que você torcia por isso.