• Por Amanda Negrini
Tudo o que não poderia ter acontecido, aconteceu. A sétima temporada de Game of Thrones, esperada com muito entusiasmo pelo público, apresentou falhas que comprometeram a qualidade de uma das melhores séries de televisão de todos os tempos. (Acreditem: como uma verdadeira fã dos livros e da série, é muito difícil escrever este texto).
Não se pode negar que o programa possui uma avassaladora popularidade – sendo transmitido para mais de 190 países – e tem qualidades estéticas excelentes. Com orçamentos astronômicos, a atração se iguala a grandes filmes épicos de Hollywood, sendo capaz de elevar o patamar da televisão mundial e criar um mundo extremamente atrativo para a cultura pop atual.
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Porém, a discussão sobre a existência de novos livros de George R.R. Martin, que serviram como base para o seriado, nunca foi tão válida. O que realmente faltou foi uma proximidade do autor com o seriado. A quinta temporada, que também não foi adaptada de uma obra literária, teve momentos brilhantes como a Batalha dos Bastardos e o episódio The Door, que apresentou o dolorido desfecho de Hodor. A questão é que Martin ainda atuava como consultor da emissora e foi responsável por ditar com brilhantismo alguns acontecimentos.
Este ano, os roteiristas tiveram que atuar sem a sua ajuda e o que vimos foi algo um tanto quanto desastroso, afinal de contas é difícil ter o talento de Martin para construir uma atração que tem um universo tão complexo. A verdade é que Game of Thrones perdeu parte da essência que lhe rendeu tanto sucesso. O show cativou a audiência por contar histórias com uma veracidade peculiar, por não poupar a vida de personagens carismáticos e possuía grandes características que o diferenciava de uma atração medieval melodramática.
Os argumentos que circularam nas redes sociais, de que a série tinha virado uma fanfic (histórias paralelas ou finais alternativos criados por fãs) é absolutamente correto. As falas foram rasas e repetitivas, as cenas contaram com abusos de closes e a trilha sonora foi usada sucessivamente.
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Além disso, os fatos aconteceram tão rapidamente que deixaram lapsos na história dos personagens. Jon Snow (Kit Harington) conseguiu viajar de Winterfell para Dragonstone e depois para Atalaialeste com uma rapidez impressionante. E mais: quanto tempo um corvo demora para ir de Atalaialeste até Pedra do Dragão? Nas demais temporada, havia diversas situações que aconteciam em paralelo e isso ajudava a dar a magnitude do que se passava no mundo de Westeros.
Outro ponto frustrante é que Game of Thrones virou refém de seu grande sucesso. O entusiasmo se perdeu diante dos roteiros vazados com quase um ano de antecedência, lista de spoilers divulgadas e a invasão dos hackers nos computadores da HBO. Tudo o que era para ser inusitado foi entregue de bandeja e com um roteiro previsível. Assim, fica difícil sentir aquele frio na barriga tão característico dos episódios anteriores.
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Para a temporada final, a série possui bons arcos narrativos para explorar em um final arrebatador. Com a queda da Muralha, qual será a estratégia para derrotar os White Walkers? Como Cersei sobreviverá sem a ajuda de Jamie? Será que Arya Stark conseguirá completar a sua lista de assassinatos? Como se desenvolverá o romance de Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) e Jon Snow quando ela souber a verdadeira origem do Rei do Norte? E finalmente, quem sentará no Trono de Ferro?
O que resta para o público, neste momento, é mais uma longa espera e a torcida para que o Game of Thrones não se torne um pesadelo em seu esperado desfecho. Pois é, nos vemos em 2019!