O maior escândalo de corrupção do Brasil está prestes a ser retratado na Netflix.
Com a criação de O Mecanismo, o diretor José Padilha decidiu investir em uma obra de ficção que aborda a ferida mais exposta da política e da sociedade brasileira.
O programa é inspirado no livro Lava Jato: O juiz Sergio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil, escrito pelo jornalista Vladimir Netto. Na trama, Marco Ruffo (Selton Mello) é um delegado da Polícia Federal obcecado pelo caso que está investigando. Com um comportamento instável, ele tenta desvendar o esquema de corrupção que envolve o doleiro Roberto Ibrahim (Enrique Diaz).
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Sem ter dimensão da grandiosidade do crime e das pessoas pertencentes ao esquema, o protagonista e sua aprendiz Verena Cardoni (Carol Abras), passam a comandar uma das maiores investigações de desvio e lavagem de dinheiro da história do Brasil.
O Pop Séries! teve acesso aos três primeiros episódios do seriado e acompanhou – à convite da Netflix – a estreia da atração no Rio de Janeiro esta semana. A primeira temporada engloba os fatos iniciais da operação Lava-Jato, quando a maioria dos políticos envolvidos ainda não tinham sido expostos pelo escândalo.
O Mecanismo: novo promo da série sobre a Lava-Jato
Obviamente, o espectador reconhecerá todos os personagens, já que Padilha optou por grande similaridade com os nomes da vida real. O Mecanismo é uma grande oportunidade para que não são os brasileiros, mas o mundo (o programa será disponibilizado em 190 países) entenda a complexidade do esquema de corrupção que foi revelado que há mais de quatro anos e está diariamente ligado os noticiários do país. E vale a pena ressaltar que: pelo menos no início da narrativa, a série não aponta qualquer opinião política por parte de seus produtores.
“A grande dificuldade foi balancear ficção com realidade e política com entretenimento. Há um certo desafio narrativo porque o alvo da investigação vai se abrindo. Começa com doleiros, depois vão para os diretores de estatal, os empresários e os políticos. “Tem um certo desafio narrativo de colocar essas pessoas em um shape que seja palatável como entretenimento”, disse a roteirista Elena Soarez. Ela também afirmou que não consegue estipular a porcentagem de veracidade e ficção na história.
A série também aponta elementos que são reconhecíveis na direção de Padilha. Assim como em Tropa de Elite (2007), o personagem principal atua como o grande narrador dos acontecimentos e possui frases de grande efeito sobre a realidade brasileira. Em O Mecanismo, Ruffo ressalta que a grande dificuldade do país não é não é a violência nas favelas, falta de educação básica ou um sistema de saúde falido. O grande problema é corrupção, que deve ser encarada como um câncer que precisa ser eliminado pela raiz.
“É impossível no Brasil fazer qualquer coisa que não esteja relacionado à corrupção, porque a corrupção está em todos os lugares. Se eu for fazer um filme sobre a saúde pública, vai ter corrupção. Se eu for fazer um filme sobre política ambiental, vai ter corrupção”, afirmou Padilha.
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O ator Selton Mello também comentou o que foi preponderante para sua entrada no projeto, principalmente pela complexidade de Ruffo. “Algumas coisas me encantam nesse personagem. São dois lados: tem o delegado, que luta contra um sistema, contra um mecanismo que ele obsessivamente quer resolver. Porém, tem um lado que eu acho comovente que é o lado cidadão. E é ai que eu acho que o público se identifica, porque é um cara querendo justiça e querendo ver o estado melhor das coisas”.
A primeira temporada mostra uma intrigante relação, baseada em fatos reais, do relacionamento entre Ruffo e o doleiro Ibrahim. Ambos personagens possuem um passado pessoal antes de terem suas vidas envolvidas na investigação. “É como Tom e Jerry, é uma mistura muito interessante, uma coisa que você não conhece a natureza e o que prende esses dois. Isso inclui desafetos, escolhas e ostentações. É uma questão que aparece na relação desses dois. Eram amigos ou conviveram e de repente eles estão num polo muito diferente de um eixo”, contou Enrique Diaz.
Com muito bom humor, Selton comentou que estava muito feliz em retomar a parceria de atuação com Diaz. “Eu já fui morto por ele no Auto da Compadecida, depois o João Grilo tocou a gaita e eu revivi”, brincou.
O Mecanismo estreia no dia 23 de março. Para mais informações, acesse a página da Netflix.