O quinto ano de The Walking Dead buscou desafiar a fórmula vitoriosa da série. Em todas as temporadas da atração, sempre há uma morte significativa – em alguns momentos, precoce -, um desafio para o grupo de sobreviventes e grandes ataques zumbis. Mas os novos episódios do programa procuraram abordar a sobrevivência de Rick Grimes (Andrew Lincoln) e seus companheiros por uma nova perspectiva: a da transformação.
Até então, para quem acompanha o desenrolar da trama, a ética era um dos elementos cruciais da filosofia dos personagens. Nômades, eles conviviam em igualdade e não procuravam remover os inimigos de seu caminho, com exceção dos mortos-vivos, quando necessário. E mesmo assim, havia um certo sentimento de piedade na matança. O protagonista, como um policial e defensor da lei, era a personificação de tal costume. No entanto, os dilemas pessoais enfrentados por Rick, a perda trágica de Beth (morta em sua tentativa de resgate do hospital) e a necessidade de defesa de um lar isolado dos constantes ataques dos zumbis, fizeram com que ele construísse um “ego” diferente perante a sociedade.
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O mesmo aconteceu com os grandes anti-heróis da televisão, entre eles, Dexter e Walter White (Breaking Bad). Em ambos os casos, a mudança de personalidade ocorreu em decorrência de um fato traumatizante: o falecimento de um ente querido ou então pela descoberta de uma doença incurável. Para Rick, o “roubo” das instalações da prisão, antes considerada um local seguro, foi o principal fator de sua mudança comportamental.
Talvez, o maior exemplo esteja no último episódio, intitulado Conquer, em que o personagem mata à sangue frio um dos habitantes da cidade de Alexandria, considerado uma ameaça ao convívio social. Ao mesmo tempo, o público pode acompanhar a evolução de Daryl (Norman Reedus). Recluso e frio, o segundo líder do grupo teve que encarar o desafio de perder Beth e também, por alguns dias, a companheira de luta Carol.
Os desafios também estiveram presentes na vida dos coadjuvantes: no casamento de Glenn e Maggie ou na tentativa desesperada de Abraham de encontrar uma cura.
Com o lançamento do spin-off do seriado, intitulado Fear the Walking Dead, é importante que The Walking Dead não perca as suas raízes ligadas aos HQs, o que lhe conferiu sucesso ao longo dos ano. Por isso, introduzir personagens tão importantes nos quadrinhos, como Aaron, é ainda uma necessidade para a sobrevivência do enredo sobrenatural.
Afinal, como a produtora da atração, Gale Anne Hurd, comentou em sua visita ao Brasil no ano passado, o grande trunfo da história está na humanidade de seus personagens: no medo de se transformar num zumbi ou testemunhar um ente querido se tornar um.