Há quem diga que The White Lotus é uma crítica social destinada aos ricos. Quem encara a série somente como um olhar sobre as desigualdades sociais está muito equivocado. A terceira temporada, ambientada na Tailândia, é a prova disso.
Somos, novamente, levados a um cenário paradisíaco onde um grupo de turistas buscar por relaxamento e elevação espiritual em um resort de luxo. A partir daí, as críticas sociais sobre os personagens são colocadas ao público por meio de diferentes perspectivas.
Uma família aparentemente feliz esconde segredos: o patriarca está prestes a perder tudo em uma investigação do FBI; a mãe vive em sua própria realidade, alheia aos acontecimentos; o filho mais velho (Patrick Schwarzenegger) é um exemplo clássico da masculinidade tóxica; a filha busca orientação nos livros, mas não consegue escapar do conforto da riqueza; e o mais novo, talvez inocente, lida com sentimentos diversos sobre a sua sexualidade. Ao passo que a trama anda, Timothy (Jason Isaacs) encara o suicídio como a forma de se libertar da vergonha e da falência. Convencido que sua família não aguentaria viver na pobreza, ele até cogita matá-los, no entanto não consegue levar o seu plano egoísta até o final.
Em outro espectro, há um grupo de amigas de infância tentando se reconectar. Jaclyn é uma artista reconhecida mundialmente que está longe de ter a sua vida “resolvida”. Em busca de um escape, ela planeja férias com as amigas e o plano, claro, acaba em um briga repleta de verdades, fofocas e revelações conturbadas. Afinal, nem sempre a grama do vizinho é mais verde…
Outra narrativa que chama a atenção é Belinda (Natasha Rothwell). A terapeuta do bem estar está na Tailândia em um intercâmbio de funcionários quando é confrontada com um rosto de seu passado e um possível crime. Entre fazer o que é certo ou não, a personagem opta pelo ganho pessoal, escancarando mais uma vez a crítica social ácida que faz The White Lotus tão envolvente. Os seus princípios estão à venda?
Seguimos para a grande surpresa da temporada: o casal nada convencional Rick (Walton Goggins) e Chelsea (Aimee Lou Wood) – e ela, com certeza, é a personagem mais autêntica e sincera de toda trama. Rick vai ao país em busca do suposto assassino de seu pai, ele está tão angustiado com o passado, com a culpa e a tristeza, que não consegue escapar do ciclo de vingança. Mesmo quando percebe que de fato está apaixonado por Chelsea, ele não deixa de executar o seu plano criando uma verdadeira tragédia grega.
Ao final, descobrimos que os dois personagens são as vítimas da temporada. Vou sentir falta do carisma de Chelsea, mas com a certeza de que os inocentes ainda pagarão, muitas vezes, pelo ódio e a ganância dos outros. O futuro é promissor pra The White Lotus que retornará para uma quarta temporada, mesmo que a história tenha sido elaborada como uma minissérie. Eu, sinceramente, acredito que a saga de três partes encerra a jornada em um ponto alto e utilizar o mesmo formato para uma crítica, mesmo que pertinente, perde a sua potência ao logo do tempo. Veremos que o futuro dirá.