A Netflix estreou a primeira temporada de Sintonia, série criada pelo produtor artístico KondZilla. A ideia do programa é explorar a vida do jovem da favela por meio da jornada de personagens.
Amigos de infância Nando (Christian Malheiros), Doni (MC JottaPê) e Rita (Bruna Mascarenhas) seguem caminhos diferentes na adolescência, mas apesar de tentarem se distanciar de suas origens, eles precisam confiar um no outro para encontrarem os seus sonhos.
A trama é ambientada e filmada em uma comunidade de São Paulo. O Pop Séries! conversou com os produtores – KondZilla e Rita Moraes – e elenco sobre como foi desenvolver uma história brasileira de seis episódios para a plataforma.
Confira:
POP SÉRIES – Sintonia foca em personagens jovens, que ainda estão em um processo de formação de sua personalidade. Da onde surgiu a inspiração para a criação destas histórias?
KONDZILLA – Foi um processo longo, que começou na minha adolescência quando morava em uma favela no Guarujá. Ficava ouvindo aquelas histórias ,absorvendo, e pesando se um dia tivesse a oportunidade trabalhar com audiovisual gostaria de contar a história desse cara , daquele outro … até que a gente se conheceu e conseguimos colocar essas histórias na telinha em um processo colaborativo.
RITA MORAES – Foi uma compilação da experiência do Kond com um trabalho de estruturação narrativa formal. Porque ,no final do dia, as coisas precisam crescer, os personagens. O que foi mais legal é que os profissionais que não viveram essa realidade talvez não tivesse experiência sem a presença dele.
Sintonia: Kondzilla cria série para a Netflix que retrata o fascínio pelo funk na periferia
* Como foi a experiência de migrar de uma plataforma como o YouTube para uma série de TV?
KOND – O nosso canal está com mais de 50 milhões de inscritos, isso representa 24% da população brasileira. Como é que a gente consegue romper a plataforma e alcançar mais público e um território maior ou outros territórios? A plataforma é totalmente democrática, mais existem outros talentos também trabalhando nisso. E a gente despertou interesse de toda a indústria, não apenas fonográfica, em realizar conteúdo pro jovem de favela.
* Os produtores contaram que vocês tiveram a liberdade de explorar o dialeto local da favela. Como vocês se adaptaram ao “novo vocabulário”?
BRUNA MASCARENHAS – Olha eu sou de Niterói, Rio de Janeiro. Eu passava muitas semanas na fonoaudiologia e mandava muitos áudios para eles. Porque me falaram: “Bruna é o seguinte você tem pouco tempo então é melhor falar o ‘paulista da quebrada’ com sua família e com seus amigos. O pessoal começou a me perguntar: “O que é isso?”. Hoje, eu sei a diferença embocadura do paulista para o carioca e aí consegui colocar isso no corpo da Rita. Trabalhamos o corpo nesse processo de mudança.
* JottaPê, conhecemos você por conta do filme “O Menino da Porteira”. Pode contar mais sobre a sua trajetória profissional?
JOTTAPÊ – Eu fazia uns trabalhos de audiovisual e fiz o menino da porteira. Depois, fiz novelas e eu sempre cantei e queria seguir essa carreira. Com alguns trabalhos eu comecei ganhar fãs instante e fazer encontros, cantar umas músicas que escrevia. E aí começou pegar e lancei algumas músicas Youtube. Foi quando conheci o KondZilla.
Conheça outras estreias da programação
* Um dos atrativos da série é a relação dos três personagens, que seguem caminhos bem diferentes. O que podem comentar sobre a jornada deles?
CHRISTIAN MALHEIROS – Eu acho que os três personagens estão acostumados a se ajudarem e quando eles vão crescendo em seu caminho a gente acaba sentindo. Acho que a questão da escolha é muito importante porque nunca tem haver só com ele [Nando], tem haver com ele, com a família, com os amigos … Então, acho que complexibilidade está aí. Também as situações se apresentam para eles, não pede licença, e você tem que resolver. São personagens que vivem sem um limite.
* Como foi a experiência de gravar em um ambiente externo, na favela?
JP – A gente gravou no Jaguaré , que na série é Vila Áurea. Este mundo a Bruna e eu já conhecíamos … porque moro em periferia desde pequeno. Então, muito tranquilo gravar lá.
CM – E tem uma questão que é muito louca. A gente tem uma visão de dentro da favela só quando uma reportagem gravar. Os caras invadem o seu espaço, a sua casa, há uma falta de respeito entendeu. Eu já vivi isso sei como é que é, sabe. Mas acho que o pessoal foi muito inteligente e a gente sobre sobre entrar lá e cativar as pessoas. Fomos muito bem acolhidos.