Uma pacata cidade é abalada pelo brutal assassinato de um adolescente. Um promotor íntegro e bem-sucedido tem seu filho, da mesma idade, acusado pelo crime. É o que basta para sua vida perfeita ser completamente destruída. Defending Jacob parte desta sinopse modesta para cada capítulo revelar um drama profundo em que três protagonistas mostram segredos obscuros, mentiras de seu passado e dúvidas sobre a capacidade de criar um ser humano.
Jacob (Jaeden Martell) aparentemente é um jovem que apresenta um comportamento padrão para sua fase de vida. É sorridente, bom aluno e possui um relacionamento aberto e saudável com seus pais. Aliás, a família é tipicamente enquadrada no estereótipo da classe média alta americana, daquelas que planeja passar as férias de fim do ano no México.
Porém, quando Jacob é apontado como principal suspeito do assassinato, tudo é completamente arruinado. Eles passam a ser alvo da imprensa, envolvidos em polêmicas, os amigos de afastam e tanto Andy (Chris Evans) quanto Laurie (Michelle Dockery) perdem seus empregos. E claro que ambos acreditam piamente na inocência do filho. Até esse ponto, o expectador é parcialmente induzido a acreditar que o garoto é uma vítima da situação. E apenas algumas camadas duvidosas do comportamento do adolescente são descobertas através de seus amigos da escola.
A história se intensifica ao mostrar como uma família pode ser completamente devastada caso seja não culpada por um crime que não cometeu. Além disso, mostra como um pai é capaz de lutar para que seu filho não seja condenado a mais de 20 anos de cadeia. E se Jacob for realmente inocente?
Entretanto, ao longo da temporada o programa se torna ainda mais espetacular ao expor as facetas de um comportamento sádico do jovem. Laurie começa a desconfiar que Jacob pode ser um psicopata. Parte disso porque Andy escondeu que seu pai foi condenado a prisão perpétua por ser um assassino impiedoso. Incrédula, a personagem desconfia que tenha criado um homicida.
O grande trunfo do seriado, além do suspense, é o fato de que os pais são obrigados a lidar com a possibilidade de Jacob ser um serial killer. Não é uma questão de ter ou não um filho perfeito, ou adequá-lo ao seu padrão desejado. É ter criado e amado um garoto com uma mente doentia e ter lutado por sua liberdade na Justiça.
E o grande ápice do programa é que nada de concreto, pelo menos na primeira temporada, é revelado. A audiência não fica sabendo se Jacob é mesmo o culpado. E há uma razão muito simples e ao mesmo tempo muito bem embasada para isto. Apesar do assassinato ser a base da narrativa, Defending Jacob tem como principal premissa abordar o comportamento humano inserido no contexto familiar.
É preciso ressaltar que a atuação dos três atores é fundamental para que a atração seja eleita como uma das melhores séries dramáticas do ano. É gratificante ver Chris Evans em um papel tão desafiador após ter vivido o Capitão America durante tantos anos.
Com um final inesperado e conturbado, em que Laurie buscou medidas drásticas, uma continuação torna-se necessária. Será que a mãe conseguirá ter sua vida de volta como confessou a Andy no hospital? E será que o pai conseguirá esquecer todas as marcas desta trajetória avassaladora? Mesmo em coma, Jacob ainda deve explicações sobre suas questões mais íntimas, tanto aos seus pais quanto aos ávidos expectadores.