A série Black Mirror surgiu com a premissa de instigar o poder da tecnologia e da comunicação diante da população mundial. A ideia é levantar grandes questionamentos sobre a utilização das modernidades e suas consequências na vida dos seres humanos. Desde a primeira temporada, foi possível ver o predomínio do sensacionalismo, as mudanças no conceito de felicidade e a invasão das mídias digitais.
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O terceiro ano, recentemente disponibilizado pela Netflix, exibiu cenas perturbadoras, que estão diretamente conectadas aos principais acontecimentos contemporâneos. O episódio, intitulado Queda Livre, revelou a influência que as mídias sociais despertam em nossas vidas. Nele, todos vivem baseados em notas que englobam a sua aparência, sua postura perante às adversidades e o valor das amizades de prestígio. Lacie (Bryce Dallas Howard) depende de uma pontuação para morar em um condomínio de luxo e para isso não mede esforços para ter uma imagem perfeita no casamento de uma amiga que odeia. A semelhança com a vida real – em que vemos pessoas aparentemente alegres postam fotos montadas no Instagram – é incalculável.
A exposição na internet é discutida no intrigante capítulo Manda quem Pode, onde um jovem é ameaçado por um hacker ao acessar conteúdo proibido na internet. Apesar de debater assuntos extremos como pedofilia, o episódio tem como intuito mostrar como o ser humano está suscetível e vulnerável diante da tecnologia. Afinal de contas, é uma ilusão achar que nossas vidas não são monitoradas.
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Black Mirror também discute a questão da segregação em Engenharia Reversa, mostrando como as principais potências do mundo podem iludir seus habitantes para dizimar pessoas que são consideradas inferiores. Além disso, é capaz de obrigar – através de um programa implantando no cérebro – o ser humano a praticar atos cruéis e desumanos. As cenas exibem uma realidade que já foi vista na 2ª Guerra Mundial e mostram como essa brutalidade ainda pode ser utilizada em conflitos no Oriente Médio.
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No final, o seriado apresenta como os avanços tecnológicos podem ser contra seus próprios inventores e também destaca como as pessoas ganham grande coragem diante nas mídias sociais. Karin Parke (Kelly McDonald) investiga o caso em que um hacker consegue exterminar pessoas que não são benquistas nas redes. Sendo assim, é possível perceber como a crença do anonimato na internet pode destruir ou “matar” socialmente diversos seres humanos.
Em um dia em que Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos, Black Mirror deixa de ser um pesadelo televisivo para ganhar ares apocalípticos. Nós próximos quatro anos, poderemos ver situações extremas de racismo, xenofobia e, quem sabe, a construção de uma grande muralha na divisa do país com o México. Os produtores da série – com certeza – terão grandes ideias para os próximos episódios. Que o futuro tenha misericórdia da humanidade!