George R.R. Martin é conhecido mundialmente por Game of Thrones. Autor da série de livros de fantasia, o escritor levava uma vida reclusa até conquistar a fama. Nas Terras Perdidas é mais uma de suas criações que agora ganha adaptação cinematográfica. Mas será a história irá conquistar os amantes de fantasia?
A trama acompanha a saga de uma poderosa bruxa Gray Alys (interpretada por Milla Jovovich), que é enviada pela Rainha (Amara Okereke) às enigmáticas e perigosas “Terras Perdidas” em busca de um feitiço capaz de transformar uma pessoa em lobisomem. Para conseguir realizar a missão, ela conta com a ajuda do caçador de recompensas Boyce (Dave Bautista), uma figura peculiar que está acostumada com um universo sombrio e repleto de perigos.
Toda a jornada é ambientada em um cenário distópico, onde o único lugar seguro para se viver é entre as muralhas de uma cidade dominada pelo fanatismo religioso que ora tende para loucura, ora para violência. É muito similar ao conceito criado por Mad Max, embora George Miller seja infinitamente muito mais vitorioso em entregar uma história amarrada e interessante do início ao fim.
Aqui há até uma crítica a Igreja, mas de certa forma mais as suas representações do que a própria instituição. O poder também está nas mãos de um soberano terrível e sua esposa ambiciosa, que escraviza o povo e o submete a trabalhos forçados … até que a bruxa que não pode ser enforcada surge como uma espécie de esperança neste cenário. E não dá para deixar de compará-la com Furiosa.
Em Nas Terras Perdidas, Paul W.S. Anderson tenta até replicar a fórmula de sucesso que o fez conhecido na direção de Resident Evil e Monster Hunter. No entanto, a história com pouca complexidade dos personagens apresenta uma trama rasa, com cenas desconexas e que pecam muito em desenvolvimento.
Por exemplo: sabemos que Gray Alys é uma bruxa poderosa e que tem um passado obscuro. Como ela foi amaldiçoada? Por que ela não pode recusar o pedido de ninguém? Essas questões não são respondidas ao longo do filme. Não exploramos o passado na personagem, a sua ascensão ao poder, o seu passado nas Terras Perdidas, somente somos conduzidos a sua relação ambígua com Boyce (e vamos concordar que Dave Bautista não é lá ator mais carismático ou expressivo).
Há até uma reviravolta digna no final do aventura, mas toda a jornada não passa de uma adaptação morna do conto criado por George R. R. Martin. Temos que levar em conta que depois de Game of Thrones, e agora Casa do Dragão, é muito difícil alcançar o mesmo interesse do público em outros trabalhos – e este é o problema da fama. Pra ser sincera, talvez a adaptação não honre o conto. A mistura de diversos gêneros, a escolha dos cenários pós-apocalípticos diversos e a quebra da história entre eles, como se navegássemos por fases de um videogame, só deixam a experiência do espectador frustrante e cansativa, além de um tanto piegas. É uma pena.
Confira o trailer da Nas Terras Perdidas: