Selecionamos os programas que marcaram a luta da comunidade
A homossexualidade começou a ser retratada na televisão americana a partir da década 1960 em séries LGBT+. No entanto, o assunto ficava restrito ao episódio ou à determinada situação. O primeiro seriado a ter um personagem gay em seu elenco fixo foi The Corner Bar (1972-1973), com o ator Vicent Schiavelli. O sitcom Soap (1977-1981) também inovou com a interpretação de Billy Cristal como Jodie Dallas.
Embora a maioria das séries sofresse com a censura social, as questões homossexuais sempre foram presentes em seriados dramáticos, como Centro Médico (1969-1976), ou em comédias, entre elas, Um é Pouco, Dois é Bom, Três é Demais (1976-1984).
Com o passar dos anos, a homossexualidade começou a ser discutida abertamente em programas de entretenimento e ficção. De acordo com uma pesquisa realizada pela organização Gay and Lesbian Alliance Against Defamation (GLAAD), em 2021-2022, a televisão americana contou com 92 personagens homossexuais, bissexuais e transgêneros. Isso representa 11.9% dos 775 personagens presentes nas séries transmitidas nos EUA.
O Pop Séries! selecionou dez séries LGBT+ que ajudam a promover a diversidade sexual. Confira:
A Sete Palmos (2001-2005)
David James Fisher foi um personagem interpretado por Michael C. Hall na série exibida pela HBO. Diretor de uma funerária, ele era socialmente conservador, obediente à família e emocionalmente reprimido com sua homossexualidade. Ao logo de cinco temporadas, David enfrentou muitos conflitos até conseguir estabelecer seu relacionamento com Keith Charles (Mathew St. Patrick). No final do seriado, o casal conseguiu adotar dois filhos. O personagem foi aclamado pela crítica americana, sendo considerado o melhor protagonista gay da televisão.
Ellen (1994-1998)
Ellen Morgan (Ellen DeGeneres) trabalhava na livraria Buy The Book e era uma jovem com mania de perfeição. Bem humorada e com olhar irônico sobre a vida, a personagem não media esforços para agradar as pessoas. Na quarta temporada, Ellen confessou, em uma sessão de terapia, que era homossexual. Diante da revelação, a série mudou de rumo. Na vida real, a atriz Ellen DeGeneres também assumiu publicamente sua homossexualidade. O programa representou uma ruptura ao trazer um personagem gay estrelando uma atração considerada familiar. Com Ellen, a homossexualidade deixou de ser coadjuvante na televisão americana.
Glee (2009-2015)
Glee, que narra a história de um grupo musical de uma escola americana, foi responsável por discutir diversos temas presentes na vida da juventude atual, como sexualidade, religião, liberdade de gênero e bullying. Questões ligadas à homossexualidade foram retratadas, principalmente, no relacionamento entre o casal gay formado por Kurt Hummel (Chris Colfer) e Blaine Anderson (Darren Criss). O programa já chegou a contar com seis personagens homossexuais em seu elenco. O criador da atração, Ryan Murphy, que assumiu publicamente sua homossexualidade, também já abordou o tema em outras séries LGBT+ como The New Normal (2012-2013). Ele também está envolvido na produção de um novo seriado da HBO, Open, que tem como meta abordar o tema com mais profundidade.
Modern Family (2009-2020)
Um seriado que tem como objetivo retratar as famílias da modernidade, um casal homossexual torna-se essencial. Mitchell Pritchett (Jesse Tyler Ferguson) e Cameron Tucker (Eric Stonestreet) são um casal que adotou uma criança vietnamita chamada Lily. A comunidade LGBT+ americana realizou severas críticas aos criadores do seriado por acharem que o casal não demonstrava afeição física durante os episódios. Houve uma campanha no Facebook que exigiu que Mitchell e Cameron se beijassem. Os produtores resolveram a polêmica com o episódio intitulado The Kiss, que recebeu muitos elogios do público.
Orange is the New Black (2013-2019)
A nova série do Netflix tornou-se um grande sucesso nos Estados Unidos. Piper Chapman (Taylor Schilling) é uma mulher de classe média alta que foi condenada a cumprir quinze meses de prisão, por ajudar a ex-namorada no tráfico de drogas. O cotidiano da prisão feminina é mostrado em situações extremamente reais, desde envolvimentos amorosos entre as detentas até a homofobia praticada por fanáticas religiosas. Além disso, o seriado possui uma personagem transexual, interpretada por Laverne Cox, que mostra um pouco das dificuldades enfrentadas por aqueles optam pela mudança de sexo.
Pretty Little Liars (2010-2017)
O seriado, que retrata a vida de quatro jovens, conta com uma protagonista lésbica. Emily Fields, interpretada por Shay Mitchell, enfrentou preconceito familiar e teve muitas dificuldades de aceitação na primeira temporada da série. Destinada aos adolescentes, é interessante notar que a série não realiza nenhuma diferença em relação aos envolvimento amorosos de Emily. As cenas de beijos são mostradas da mesma maneira que a dos casais heterossexuais. A showrunner da atração, Marlene King, chegou a afirmar que outro personagem da trama também é homossexual.
Queer as Folk (1999-2005)
Exibido pela Showtime, o seriado mostrava a vida de cinco protagonistas homossexuais – Brian, Justin, Michael, Emmett e Ted – que viviam em Pittsburgh, nos EUA. É uma das séries LGBT+ que representou um marco na luta do direitos, pois retratou com realidade e normalidade os dramas e situações que envolvem a homossexualidade. Os produtores da atração, Ron Cowen e Daniel Lipman, contaram que sofreram com a homofobia de profissionais da televisão americana durante a escolha do elenco. Alguns agentes negaram a aparição de seus atores com medo de que trama gay prejudicasse suas carreiras.
The L Word (2004–2009)
A série retrata um grupo de mulheres, cuja maior preocupação era afirmar sua homossexualidade em relação às suas amigas e à sociedade. Com muita naturalidade, elas revelaram ao público as particularidades do universo lésbico, além de seus sonhos e suas dúvidas. A atração contava a história de Jenny Schecter (Mia Kirshner) que depois de mudar-se para Los Angeles começou a se envolver com uma mulher mais velha e a questionou sua sexualidade. Suas vizinhas, Bette Porter (Jennifer Beals) e Tina Kennard (Laurel Holloman) eram casadas há sete anos e, durante as seis temporadas, enfrentaram os desafios que constituir uma família.
The L Word é uma das séries LGBT+ mais relembradas da TV e, em 2019, ganhou um revival intitulado The L Word: Generation Q.
Will & Grace (1998-2006)
Will Truman (Eric McCormack) e Grace Adler (Debra Messing) eram apaixonados na época da faculdade, mas o rapaz sempre foi confuso em relação a sua sexualidade. No dia de Ação de Graças, o casal decidiu ter relações sexuais e Will descobriu que, definitivamente, era gay. Os dois protagonistas, então, se tornaram grandes amigos e cúmplices de diversas situações inusitadas. Inicialmente, o seriado recebeu algumas criticas negativas por retratar personagens caricatos. Entretanto, o programa foi ganhando seu espaço e conquistou um grande sucesso de audiência. Em oito temporadas, Will & Grace recebeu 27 indicações ao Globo de Ouro e faturo 16 estatuetas do Emmy Awards e é um das séries LGBT+ mais aclamadas.
Xena, a Princesa Guerreira (1995-2001)
A parceria de Xena (Lucy Lawless) com sua fiel escudeira, Gabrielle (Renée O’Connor) trouxe para a televisão duas personagens fortes. As duas heroínas foram apontadas como amantes e os produtores do seriado confirmaram a relação amorosa. Embora nunca tenham mencionado ou assumido, Xena e Gabrielle começaram a ter um relacionamento diferente. Há cenas de beijos e carícias que confirmaram essas suspeitas. O seriado também representou uma liberdade sexual, por conta de ser ambientado em uma época dominada pelo cristianismo.