Filme é competente a criar uma história satisfatória mesmo após duas décadas
Quando Gladiador estreou em 2000, foi um verdadeiro sucesso. A jornada do herói Maximus que enfrentava a ira e a maldade de um tirano ambicioso ecoou pelo mundo. A combinação de um elenco talentoso e um drama histórico com ares de epopeia rendou à produção cinco Oscars: melhor filme, ator (para Russell Crowe), figurino, som e efeitos visuais.
O filme seguia a história de Maximus Decimus Meridius, um talentoso general romano e fiel servidor do imperador Marco Aurélio. Após a morte do imperador, Maximus é traído pelo novo imperador, Cômodo (Joaquin Phoenix), que assassina seu pai e toma o poder. Ele então consegue escapar da execução, mas é capturado e vendido como escravo, tornando-se um gladiador.
Determinado a vingar a morte de sua família e restaurar a honra que lhe foi tirada, Maximus utiliza suas habilidades em combate para se destacar nas arenas romanas. Sua jornada como gladiador o leva de volta a Roma, onde enfrenta o imperador Cômodo em uma batalha buscando justiça e liberdade. Com ares de tragédia moderna, o filme terminou com Maximus concluindo a sua vingança, mas ao mesmo tempo perdendo a sua vida no confronto. No entanto, o seu legado sobrevive, tornando-o uma lenda.
Anos depois, com o movimento dos revivals e sequências em Hollywood, Gladiador ganha uma sequência. Claro, que há um sentimento de receio com a notícia. Afinal, alterar clássicos nem sempre é uma tarefa bem-sucedida. Mas aqui o resultado é extremamente satisfatório, quiçá ainda mais vitorioso.
O sucesso do projeto se dá pelo roteiro audaz, que consegue unir as duas histórias com maestria. É como se o tempo não tivesse passado para os fãs de Gladiador, entramos novamente naquela arena, e ao mesmo tempo está tudo diferente. Afinal, temos um novo herói na Roma Antiga. O fato de Ridley Scott voltar ao cargo de diretor é outro trunfo, que garante a continuidade da obra.
O público agora é apresentado a jornada de Hanno, ou melhor Lucius Verus (Paul Mescal), que após décadas de exílio é forçado a confrontar o seu passado. Ele é capturado pelo império dos gêmeos Geta e Caracalla, sob a liderança do general Marcus Acacius, um regime repleto de crueldade e sadismo. Mas ouso dizer que o vilão de Denzel Washington é quem brilha mais na trama.
Ao entrar no Coliseu, Hanno tem que aceitar o fato que o seu antigo lar não é o mesmo e confrontar a mãe (Connie Nielsen está de volta ao papel) depois que seu lar é conquistado sem misericórdia e sua esposa é morta sob a ordem dos imperadores. Só que a sua missão é maior e vai muito além da vingança.
Para quem gosta de ação, um das característica do longa-metragem, cenas de batalhas com muito sangue, mutilações, jogos de espadas, animais selvagens e até tubarões (isso mesmo!) não faltam. É como se fossemos mais um entre o público presente assistindo às atrocidades da época. O elenco também não decepciona e conta com Pedro Pascal e Joseph Quinn.
No mais, espere por uma história de jornada do herói com inspiração clássica, quase um monomito, mas com um pé nos fatos históricos, embora boa parte da trama seja pura ficção.
E se você ainda tem esperança na aparição de Russell Crowe no projeto, sinto decepcioná-lo. Há referências a Maximus aqui e ali, algumas cenas do primeiro filme são utilizadas para dar contexto, mas nada além disso. O próprio ator já havia dito que não estava cotado para aparecer na sequência, mas os fãs ainda tinham esperança de uma surpresa. O que posso dizer é que a sua presença é sentida, assim como o legado heróico do personagem que leva Roma de um império sangrento a república.
A estreia está marcada para 14 de novembro nos cinemas.