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Após décadas, a história das peculiares donas de casa ainda é contemporânea

A Feiticeira, Jeannie é um Gênio e outras séries da década de 1960 retrataram a transição da mulher para a vida moderna. Divididas entre os afazeres domésticos e o trabalho, estas donas de casa encontram a fórmula perfeita para felicidade – utilizando, é claro, um pouco de magia

A década de 1960 foi reveladora. Avanços tecnológicos, guerras, art pop, Beatles e Rolling Stones. Os americanos presenciaram o aparecimento da minissaia, o surgimento dos shopping e aumento do número de revista de moda. A cultura pop foi introduzida na narrativa visual das séries, com a transmissão de programas em cores.

O movimento feminista surgiu com o intuito de exigir direitos iguais entre homens e mulheres. O livro Mística Feminina, escrito por Betty Friedman, tornou-se um grande sucesso de vendas e pregava que a mulher merecia vida melhor. A obra não atacava o casamento ou a família, mas exigia uma vida mais atrativa para as mulheres. Friedman também afirmou que a televisão era responsável por apresentar personagens femininas estúpidas, com mentalidades pequenas e sonhos limitados.

A Feiticeira

As protagonistas das séries americanas ainda mantinham o comportamento tradicional dos anos 1950. Em A Feiticeira, Samantha era uma jovem bonita, inteligente e bruxa que apaixonou-se pelo publicitário James Stevens. Após o casamento, o marido decidiu aceitar a situação de sua esposa desde que ela não utilizasse mais bruxarias. Samantha concordou prometendo amar e obedecer o marido. As desavenças ficaram por conta da mãe da personagem que não aceitou perder a filha para um mortal. Endora atormentou a vida de James provocando as maiores confusões, nas quais a magia sempre esteve envolvida.

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O seriado foi responsável por exibir a transformação do comportamento tradicional da mulher americana. Samantha tentava a cada capítulo cumprir a promessa de ser uma boa dona de casa, no entanto, sofria com influências externas do mundo. Por amor a bruxa permaneceu ao lado do marido, mesmo que a sua visão de vida fosse questionada.

A mãe de Samantha, Endora, foi classificada como feminista por não querer que a filha levasse uma vida medíocre ao lado do marido. James, por sua vez, representava o homem que sofre com as transformações das mulheres do anos 1960. Humilhado e transformado em seres inanimados, ele foi punido por sua decisão de manter Samantha sob suas regras.

Jeannie é um Gênio

O canal NBC decidiu criar o seriado Jeannie é um Gênio para concorrer com A Feiticeira. Jeannie era uma gênia que foi aprisionada em uma lâmpada e descoberta em uma praia pelo major Tony Nelson. Ao contrário da maioria dos humanos, o rapaz não desejava realizar os sonhos da lâmpada. Com muita insistência, Jeannie o convenceu a levá-la para morar em sua casa. A protagonista apaixonou-se por seu amo e tentava a cada episódio convencê-lo a aceitar seus desejos.

Mesmo com diferenças, o autor Sidney Sheldon, criador de Jeannie, copiou dois elementos fundamentais de A Feiticeira:  retratar uma mulher capaz de realizar magias e a proibição masculina em relação aos superpoderes. O major Nelson personifica a imagem de um homem rígido, em relação as regras, que vê sua vida ameaçada por uma mulher que representa o oposto de sua conduta. A escolha da profissão do personagem retratou a fama dos militares nos Estados Unidos, devido a corrida espacial e a crise dos mísseis com Cuba.

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Entretanto, se em A Feiticeira o objetivo era a separação o casal, em Jeannie é um Gênio o intuito era a união. A gênia só seria uma mulher realizada se conseguisse casar com o homem que amava. A idéia do Major Nelson de possuir uma mulher solteira e seminua em sua casa foi transgressora e funcionou como uma metáfora ao amor livre.

 

 

Ambas as produções representaram a transição da mulher para a vida moderna. Enquanto Samantha revelava uma jovem abalada pelas modificações de comportamento, Jeannie era responsável pelas mudanças – e ainda convidou seu amor a seguí-las.*Fonte: As Maravilhosas Mulheres das Séries de TV – Fernanda Furquim.

Por que Jeannie é um Gênio foi censurada?

Para a tristeza dos fãs, todas as parte interessantes do corpo de Jeannie (Barbara Eden) ficavam ocultas, inclusive a sua barriga. A sedutora e ingênua personagem de Jeannie é um Gênio, usa ao longo da série um modelo de odalisca, com calças bufantes, colete e top.

Jeannie era um gênio aprisionada em uma garrafa por dois mil anos. Ela foi encontrada numa praia deserta pelo astronauta e major Tony Nelson, vivido por Larry Hagman.

Ao contrário da maioria dos humanos, o rapaz não desejava realizar os sonhos da lâmpada. Com muita insistência, Jeannie o convenceu a levá-la para morar em sua casa.

A série foi criada por Sidney Sheldon para rivalizar com A Feiticeira, programa exibido na ABC, e foi parcialmente inspirada no filme Um gênio entrou lá em casa. Por coincidência, Barbara Eden também fazia parte do elenco. Nos EUA, Jeannie é um Gênio foi exibida no canal NBC, entre 1965 e 1970, e teve cinco temporadas.

jeannie e um genio

Em Jeannie é um Gênio, Major Nelson teve sua vida ameaçada pela conduta atrapalhada e transgressora de Jeannie