Qual é o endereço da família de ‘Os Monstros’?

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Com 70 episódios produzidos em apenas duas temporadas, a série Os Monstros (The Munsters) rapidamente se tornou um dos maiores sucessos da década de 1960. Estreando na CBS em 1964, apenas uma semana após o lançamento do seriado concorrente, A Família Addams, a atração se solidificou como uma sátira campy, misturando o charme das sitcoms familiares da época com a iconografia do cinema de terror clássico da Universal.

Protagonizada por Fred Gwynne (Herman) e Yvonne De Carlo (Lily), a série era composta por figuras importantes do panteão de monstros. Havia Herman, uma versão ingênua e adorável do monstro de Frankenstein; Lily, a elegante vampira que geria a casa; Vovô (Al Lewis), um velho vampiro excêntrico; e o jovem Eddie (Butch Patrick), um lobisomem mirim. A peculiaridade da família era que eles se consideravam totalmente normais, e o único membro que destoava (e que eles lamentavam ser “tão feia”) era a sobrinha humana e loira, Marilyn.

A família morava em um velho casarão gótico vitoriano no 1313 Mockingbird Lane, em Mockingbird Heights – um endereço tão icônico que, no Brasil, os tradutores adaptaram para “Colina dos Tordos, número 1313”, e que inspirou títulos de remakes recentes.

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O duelo das Monstro-Famílias 

A rivalidade entre Os Monstros e A Família Addams marcou a televisão americana da época. Na primeira temporada, Os Monstros chegou a ter classificações de audiência mais altas, terminando em 18º lugar no ranking da Nielsen. No entanto, sua trajetória na TV original foi surpreendentemente curta. A série foi cancelada em 1966 após apenas duas temporadas.

A principal culpada por esse cancelamento repentino foi a estreia de outra série colorida e visualmente explosiva na ABC: Batman (1966). A popularidade massiva do Homem-Morcego, filmada em cores vibrantes, drenou a audiência de Os Monstros, que era transmitida em preto e branco. Os produtores de Os Monstros tentaram competir, mas a queda de audiência foi fatal.

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Curiosidades de bastidores da série

os monstros

O sucesso do seriado aconteceu não apenas ao seu humor, mas também a alguns detalhes curiosos de produção:

Embora a série tenha sido ao ar em preto e branco para evocar o clima dos filmes de terror da Universal dos anos 30 e 40, o piloto original foi filmado a cores. A decisão de manter o preto e branco na série regular foi, em grande parte, para economizar dinheiro, já que filmar a cores custava cerca de 10 mil dólares a mais por episódio na época.

O piloto apresentou Lily (então chamada Phoebe) interpretada por Joan Marshall, mas os produtores a substituíram por Yvonne De Carlo para evitar a semelhança com Morticia Addams. A atriz Beverly Owen interpretou Marilyn nos primeiros 13 episódios, mas pediu para ser liberada do contrato, sendo substituída por Pat Priest.

Em 2020, um discurso de Herman Munster para seu filho Eddie no episódio Eddie’s Nickname viralizou na internet. A fala, que dizia que “não importa a sua aparência, o que importa é a grandeza do seu coração”, ressoou com o público por sua mensagem atemporal de aceitação e antirracismo, provando a relevância social da série.

O relógio cuco da mansão Monstro não tinha um pássaro, mas sim um corvo, que gritava a palavra nevermore, uma referência direta ao famoso poema O Corvo de Edgar Allan Poe, reforçando a atmosfera gótica e literária da atração.

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Os carros excêntricos da família, notavelmente o Munster Koach, foram criados pelo lendário customizador de carros George Barris, o mesmo responsável por desenhar o Batmóvel do seriado Batman — ironicamente, a série que cancelou Os Monstros.

O legado de Os Montros na TV

Por conta da grande popularidade que conquistou em reprises, o legado do seriado foi além dos 70 episódios originais, gerando uma vasta franquia:

Monstros à Solta: um longa-metragem lançado em 1966 (após o cancelamento da série), que foi filmado em cores e tentou levar a família a um público internacional.

Telefilmes e especiais: seguiram-se três telefilmes, incluindo The Munsters’ Revenge (1981) e o especial de Natal The Munsters’ Scary Little Christmas (1996).

Os Monstros Hoje (1988-1991): uma nova série, colorida e ambientada nos anos 80, que teve mais episódios (72) do que a original. O reboot justificava a diferença de 22 anos dizendo que a família tinha caído em um sono profundo devido a uma invenção do Vovô.

Reboots modernos: o criador de Hannibal, Bryan Fuller, tentou um reboot mais sombrio chamado Mockingbird Lane (2012), que foi lançado apenas como um telefilme. Mais recentemente, o diretor Rob Zombie lançou sua própria versão do filme The Munsters (2022), provando que, décadas depois, a família do 1313 Mockingbird Lane continua a ser um fenômeno cultural que se recusa a morrer.

No fim das contas, Os Monstros não era apenas uma comédia de terror; era uma sátira gentil sobre a aceitação e o amor familiar. Por trás da aparência de Frankenstein e do vampiro, residia a representação da família de classe média americana, provando que a normalidade está, de fato, nos olhos de quem vê.

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