Zé do Caixão: como surgiu o nome da lenda do terror brasileiro?

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Sem dúvida alguma, o personagem Zé do Caixão é um dos grandes símbolos da cultura pop brasileira. O diretor de cinema José Mojica Marins, considerado o precursor do gênero de terror do país, foi homenageado com a primeira série nacional do canal Space.

O icônico Zé do Caixão é a personificação do horror niilista brasileiro, um coveiro sádico e ateu obcecado pela busca da “mulher perfeita” para gerar um filho que daria continuidade à sua linhagem. Mas como José Mojica Marins, um cineasta do interior de São Paulo, criou essa figura que habita o coletivo brasileiro, como comentou o ator Matheus Nachtergaele?

O próprio Mojica Marins contava que a ideia surgiu de um pesadelo aterrorizante. Na visão noturna, um homem vestido de preto (o coveiro) o arrastava para a própria cova. Ao acordar, Mojica sentiu uma necessidade visceral de dar vida a essa figura.

A escolha do nome Zé do Caixão é simples, direta e assustadora: era o apelido dado ao coveiro da cidade. A vestimenta clássica — a capa preta, a cartola, as unhas longas e sujas — solidificou a imagem de um monstro nascido do folclore e do inconsciente popular, tornando-se uma marca registrada do terror nacional a partir do seu primeiro filme, À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964).

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A série biográfica e o legado de Mojica

zé do caixão

O seriado que explora o homem por trás do personagem é inspirado na biografia de Mojica, Maldito – A Vida e o Cinema de José Mojica Marins, escrita em 1998 pelos jornalistas Ivan Finotti e André Barcinski. Ao todo foram seis episódios que mostraram a trajetória pessoal e profissional de Mojica, inclusive como ele criou o icônico Zé do Caixão.

Com muito bom humor e destreza, o programa mostra os bastidores das produções cinematográficas de Mojica. Cada episódio é focado em um filme do cineasta. O primeiro capítulo é focado na produção do western brasileiro, A Sina do Aventureiro. Já o segundo apresenta os longas estrelados por Zé do Caixão, À Meia-Noite Levarei sua Alma e Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver.

“Eu escrevi o livro há mais de 20 anos e sempre tive vontade que ele se transformasse em um filme ou numa série de televisão. Por isso, eu fui liberal na adaptação e deixei que cada pessoa envolvida na produção expressasse a sua visão sobre a vida do Mojica,” afirmou o co-autor André Barcinski.

Os três últimos episódios têm como objetivo mostrar a fase mais polêmica do diretor, com os filmes O Ritual dos Sádicos, Perversão e 24 Horas de Sexo Explícito, que apresenta a primeira cena de zoofilia do cinema nacional.

O elenco também conta com a participação de Felipe Solari, Maria Helena Chira, Anamaria Barreto e Walter Breda.

A série Zé do Caixão, protagonizada por Matheus Nachtergaele (que fez um trabalho impecável na pele do diretor), estreou no canal Space e tinha como objetivo levar o cineasta e sua obra a uma nova geração.

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José Mojica Marins faleceu no dia 19 de fevereiro de 2020, em São Paulo, aos 83 anos, em decorrência de uma broncopneumonia. Sua morte marcou o fim de uma era, mas não o fim de seu legado, já que o personagem Zé do Caixão permanece vivo como um dos maiores ícones do terror mundial e do cinema brasileiro.

Onde maratonar as obras do Zé do Caixão

Para maratonar a trilogia do Zé do Caixão, a jornada se inicia com À Meia-Noite Levarei Sua Alma (disponível em Globoplay, Telecine e Apple TV), de 1964, onde Josefel Zanatas, o coveiro obcecado, começa sua busca por um filho perfeito. A busca continua no segundo filme Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967), que pode ser visto gratuitamente na plataforma Itaú Cultural Play, entre outras opções de streaming.

A conclusão da saga clássica veio com Encarnação do Demônio (2008), que mostra o personagem sendo libertado após 40 anos e retomando sua busca macabra pelas ruas de São Paulo, disponível para aluguel e compra em lojas digitais. Para complementar, o filme O Estranho Mundo de Zé do Caixão (1968), uma antologia de contos de horror dirigida por Mojica, também está disponível para aluguel e compra no Apple TV.

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