Amores Materialistas: filme tem trama previsível, mas encanta com escolha do elenco

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O amor resiste à falta de dinheiro e conforto? Ainda é possível encontrar a sua alma gêmea, mesmo com tantos desafios do mundo moderno? Amores Materialistas tem como missão discutir essas questões. O filme é protagonizado por nomes cobiçados de Hollywood como Dakota Johnson, Chris Evans e Pedro Pascal, e mistura crítica social com o charme clássico das comédias românticas ambientadas em grandes metrópoles.

Na trama, acompanhamos a trajetória de uma jovem e ambiciosa matchmaker de elite em Nova York, Lucy (vivida por Dakota Johnson), cuja carreira é construída sobre algoritmos, compatibilidade e relacionamentos com aparência perfeita, tudo menos espontâneo. Inteligente, articulada e altamente requisitada pela elite da cidade, Lucy acredita que o amor pode e deve ser racionalizado, moldado de acordo com metas, gostos em comum e estabilidade financeira. A empresa em que trabalha é sinônimo de sucesso em uma era onde o romance foi digitalizado e monetizado.

Acostumada a controlar os sentimentos dos outros, ela se vê, pela primeira vez, encurralada pelas próprias emoções quando precisa escolher entre dois caminhos opostos: o parceiro ideal e bem-sucedido (Pedro Pascal), que representa tudo o que ela vende para suas clientes estabilidade, elegância e zero surpresas; e o ex-imperfeito (Chris Evans), desorganizado, impulsivo, mas com quem compartilha uma história genuína, cheia de erros, tropeços e afeto real.

A vida de Lucy, meticulosamente planejada, começa a ruir quando ela percebe que nem toda fórmula garante felicidade. O personagem de Pedro Pascal, um investidor milionário, carismático e refinado, oferece a ela tudo que sempre valorizou profissionalmente: segurança, prestígio social e um futuro sem incertezas. Já o personagem de Chris Evans, um ator, representa o oposto: caos, vulnerabilidade e sentimentos à flor da pele.

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Enquanto a fachada do “romance perfeito” começa a desmoronar, a protagonista confronta a realidade de que o amor verdadeiro talvez não siga as regras do mercado de relacionamentos. Entre jantares sofisticados e memórias bagunçadas, a trama questiona: vale mais um relacionamento que parece certo no papel ou aquele que toca o coração, mesmo sem lógica?

A narrativa de Amores Materialistas constrói esse dilema com leveza, mas também com um olhar atento ao modo como a sociedade atual trata o amor como uma transação, muitas vezes mais preocupada com aparências do que com conexão real.

Crítica de Amores Materialistas

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Elenco de Amores Materialistas

Amores Materialistas é uma comédia romântica leve, crítica, que tenta escapar do clichê mesmo que, inevitavelmente, caia nele. Ao ver o trailer, o público é induzido a um triângulo amoroso que de longe atrapalha o rumo da narrativa. Apesar disso, o filme acerta em dar luz aos problemas do mundo contemporâneo quando falamos de romance. Com tantos aplicativos, filtros e expectativas irreais, encontrar o par ideal virou mais um negócio do que de fato um plano do destino. E é justamente esse universo, onde o par ideal é construído com base em critérios técnicos, que serve de pano de fundo para a jornada interna de Lucy.

O problema é que, para uma protagonista tão “materialista”, suas decisões acabam decepcionando pelo bem da mensagem do roteiro. O arco de desenvolvimento da personagem deixa a sensação de que ela poderia ter ido mais longe, se libertado de forma mais impactante dos padrões que a aprisionavam. Gostaria de ter sido surpreendida com o final, e não levada à conclusão mais do que esperada quando pensamos no gênero. Afinal, comédias como (500) Dias com Ela, La La Land e O Casamento do Meu Melhor Amigo são clássicos atemporais justamente porque desafiam uma fórmula pré-definida. Talvez, tenha faltado coragem para dar um passo além.

Ainda assim, Amores Materialistas ganha pontos pela ambientação elegante, fotografia delicada e figurinos que dialogam com o perfil dos personagens, especialmente no contraste visual entre os mundos representados por Pascal e Evans. E isso é um feito da diretora Celine Song.

Destaque também para trilha sonora escolhida, que acompanha cada dilema da protagonista. Canções indie-pop, instrumentais suaves e até clássicos contemporâneos ajudam a compor a atmosfera de Nova York. E a cidade, por si só, já é um personagem marcante da história.

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De mais, vale conferir a atuação do elenco principal que esbanja simpatia e presença em cena, principalmente Pedro Pascal, que já se tornou um queridinho do público e figura carimbada em séries e filmes. Sua interpretação traz nuances inesperadas a um personagem que poderia facilmente cair no estereótipo do “homem perfeito”. Dakota Johnson entrega uma performance equilibrada, misturando insegurança com naturalidade. Chris Evans, por sua vez, parece confortável no papel do ex-desajeitado e apaixonado.

Amores Materialistas pode não reinventar o gênero, mas provoca reflexões necessárias sobre os valores que norteiam os relacionamentos hoje. Em uma era em que o amor muitas vezes precisa de aprovação social para existir, o filme convida o público a repensar: será que ainda sabemos amar, ou só sabemos escolher?

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