Começo este artigo com uma notícia inusitada: uma petição online foi criada para que o cão protagonista de Bom Menino (Good Boy, no original) seja indicado ao Oscar de Melhor Ator. E por que não? Afinal, o longa é sustentado inteiramente pela atuação carismática e comovente de Indy, o retriever que se tornou o verdadeiro coração (e herói) dessa história.
Dirigido por Ben Leonberg, o filme mistura terror sobrenatural, emoção e uma comovente lealdade animal. A trama acompanha Todd, um homem que decide abandonar a vida agitada da cidade para se mudar para uma antiga casa de campo com seu melhor amigo, o cão Indy. O motivo da mudança é trágico: Todd enfrenta problemas de saúde e busca tranquilidade. No entanto, o que parecia ser um recomeço pacífico logo se transforma em um pesadelo envolto em mistério, luto e forças obscuras.
Desde os primeiros minutos, o espectador percebe que Indy enxerga o que Todd se recusa a ver. O animal fareja presenças invisíveis, observa sombras que se movem sozinhas e segue rastros que terminam no nada. Ele também é atormentado por visões de um cachorro fantasma, que parece tentar alertá-lo sobre o perigo que se esconde na propriedade.
Essas manifestações sobrenaturais capturadas por Leonberg ,com uma estética sombria e melancólica (e bem original para uma produção de baixo orçamento), evocam o mesmo desconforto psicológico de clássicos como O Iluminado e Os Outros. Há momentos em que a câmera adota literalmente o ponto de vista do cão, criando uma imersão angustiante e emocionalmente poderosa.
Conforme os dias passam, Todd começa a mudar de comportamento. A casa, silenciosa e coberta de poeira, revela sussurros, pegadas e ruídos vindos de quartos trancados. Indy percebe que há algo vivo ou morto tentando se comunicar. Aos poucos, o público descobre que o último morador da casa, o avô de Todd, morreu em circunstâncias brutais e que a alma do antigo dono pode não ter partido completamente.
Todd, fragilizado, se torna vulnerável à influência dessas forças, e Indy entende que precisa lutar contra o sobrenatural para impedir que seu dono seja levado “para o outro lado”. A partir daí, o longa assume um tom heroico e trágico: um cão enfrentando entidades invisíveis, empurrando portas, latindo para o vazio, tentando desesperadamente salvar o único humano que ama.
Curiosidades do filme Bom Menino
Antes de protagonizar Bom Menino, o cão Indy estrelou um curta-metragem de mesmo nome, que serviu de base para o longa. O sucesso do curta inspirou o diretor Ben Leonberg a expandir a história e escalar novamente seu próprio cachorro como estrela principal.
As filmagens levaram quase três anos para serem concluídas, já que o trabalho com um animal exigiu paciência e cronogramas limitados. Leonberg, que também assina o roteiro e parte da fotografia, declarou em entrevistas que o filme foi “um exercício de amor e persistência”.
Séries de terror assustadoras que você precisa assistir
Com um estilo artesanal, o diretor aposta em efeitos práticos e uma atmosfera intimista, em vez de depender de CGI. A fotografia fria e o som cuidadosamente construído criam um clima de tensão crescente, mas sempre centrado na relação afetiva entre Indy e Todd.
Ben Leonberg é um cineasta norte-americano com formação sólida: possui Mestrado em Direção (MFA) pela Universidade de Columbia, onde também lecionou por mais de cinco anos. Atualmente, é professor de cinema na Montana State University.
O roteiro de Bom Menino foi selecionado para a Columbia Blue List, foi finalista do ScreenCraft Film Fund, e rendeu ao diretor uma bolsa do New Jersey State Council on the Arts em 2023.
Um terror com alma
Apesar do clima sombrio, Bom Menino é, acima de tudo, uma história sobre amor e lealdade incondicional. Indy não é apenas um cachorro enfrentando fantasmas: ele representa a coragem pura e instintiva de quem ama sem limites.
O resultado é um filme que vai muito além do gênero de terror: um retrato emocionante sobre a conexão entre humanos e animais, embalado por uma narrativa visualmente intensa e espiritualmente tocante.
Quantos Rin Tin Tin existiram na história?
O filme estreia nos cinemas brasileiros em 31 de outubro.
