Para aqueles que imaginavam que o grande herói de Vikings teria um fim glorioso em batalha, como manda a tradição nórdica, a série preparou uma reviravolta de tirar o fôlego. Ragnar Lothbrok, interpretado por Travis Fimmel, não morreu empunhando uma espada, mas sim de maneira brutal e simbólica: entregue de forma voluntária ao rei Aelle, seu maior inimigo.
Em uma das cenas mais marcantes da quarta temporada, Ragnar é mantido preso em uma jaula suspensa sobre um poço repleto de cobras venenosas. Mas antes de ser lançado ao seu destino trágico, ele protagoniza um momento poderoso e emocionante: um discurso que ecoa como um cântico de honra e resignação ao Deus Odin.
“Este herói que entra em Valhala não lamenta a sua morte. Não devo entrar no salão de Odin com medo. Lá, esperarei os meus filhos se juntarem a mim.”
A cena, envolta em tensão e poesia, marcou o fim de uma era na série e o início de outra. O olhar sereno de Ragnar, mesmo diante da morte certa, mostra a grandeza do personagem. Enquanto o rei Aelle comemora ao fundo, acreditando ter triunfado sobre o lendário guerreiro, o espectador sente que a verdadeira vitória está na forma como Ragnar escolheu seu destino — com dignidade, estratégia e propósito.
Curiosamente, nem todos os filhos de Ragnar presenciaram sua execução. Apenas Ivar, o Sem Ossos, esteve ao seu lado. Já Bjorn Ironside (Alexander Ludwig), que sempre teve uma relação intensa e conflituosa com o pai, seguiu um caminho diferente e não acompanhou seus momentos finais. A ausência de seus herdeiros tornou o sacrifício de Ragnar ainda mais simbólico — ele sabia que sua morte seria o catalisador da fúria viking que viria depois.
Bastidores da morte de Ragnar
Nos bastidores da produção, o ator Travis Fimmel revelou um detalhe que surpreendeu muitos fãs: as cobras utilizadas na icônica cena da morte de Ragnar eram reais. Embora não fossem venenosas, a escolha de usar serpentes vivas trouxe um nível extra de tensão e autenticidade ao momento. Fimmel, conhecido por sua entrega física e emocional ao papel, insistiu em realizar a sequência sem dublês ou efeitos digitais, buscando garantir a intensidade dramática da cena.
O diretor e a equipe de produção tomaram cuidados rigorosos durante a gravação. Um treinador especializado em répteis esteve presente o tempo todo para garantir a segurança do ator e dos profissionais no set. Ainda assim, a decisão de filmar com animais reais gerou uma atmosfera de nervosismo entre todos os envolvidos.
Segundo membros da equipe, Fimmel passou horas dentro da jaula suspensa, rodeado pelas cobras, repetindo falas e movimentos com precisão para que a cena fosse perfeita. O ambiente abafado, somado à tensão psicológica de estar cercado por dezenas de serpentes rastejando, tornou a filmagem um dos momentos mais intensos da série. E o resultado valeu a pena: a cena entrou para a história de Vikings como uma das mais impactantes de toda a produção.
Além disso, a atuação de Fimmel foi tão envolvente que muitos da equipe técnica se emocionaram durante as gravações. O discurso final do personagem, dito com serenidade diante da morte, tocou profundamente os presentes no set. Para os roteiristas e produtores, essa foi a melhor forma de se despedir de um protagonista tão marcante — com um ato de coragem, sacrifício e legado.
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Curiosamente, essa também foi uma das últimas gravações de Travis Fimmel para a série. O ator deixou o set com aplausos e homenagens emocionadas da equipe e do elenco, consolidando sua importância não apenas na história de Vikings, mas também como um dos rostos mais emblemáticos da televisão moderna.
Criada por Michael Hirst, Vikings estreou em 2013 no canal History e rapidamente se transformou em um fenômeno de público. A série mesclou fatos históricos, lendas nórdicas e intrigas familiares em um drama épico que conquistou fãs no mundo inteiro. A morte de Ragnar Lothbrok, embora dolorosa para o público, foi um divisor de águas e pavimentou o caminho para os feitos grandiosos de seus filhos, que buscaram vingança e glória pelo legado do pai.
Mesmo após sua morte, Ragnar continuou sendo uma figura central na narrativa. Sua influência, ensinamentos e memórias moldaram o destino dos personagens e mantiveram sua presença viva até os últimos episódios da série, que ganhou uma spin-off na Netflix.
